Os fatos mais relevantes da cidade como você nunca viu. Notícias com imparcialidade, investigação e crítica

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Vem muita festa por aí!

O fim e o começo de ano em Carmo da Mata serão de muita festa. É o que programa a Prefeitura Municipal. A primeira comemoração acontece no dia 16, domingo, véspera do aniversário da cidade. A Praça Presidente Vargas (a mais conhecida Praça da Rodoviária) será palco de apresentações artísticas e encontro de bandas regionais durante o dia. À noite, quem comanda a festa é a cantora Fernanda Garcia.

Para a virada 2007/2008, a Prefeitura Municipal promete realizar, pela terceira vez, o reveillon popular, com shows e queima de fogos na Praça Presidente Vargas. As atrações ainda não estão definidas. O objetivo é que as obras de reforma da praça já estejam concluídas.

Os preparativos para o Carnaval 2008, que acontece logo no inicio de fevereiro, também já começaram. Os organizadores querem manter o esquema dos carnavais anteriores, com uma banda diferente a cada noite. As informações são do diretor do Departamento de Esporte, Lazer, Cultura e Turismo, Luis Cláudio Beraldo.

Fique ligado no Blog diCarmo para mais detalhes.

(Foto: Thiago Nogueira - 26.02.2006)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Matadouro é fechado

Por determinação do prefeito municipal Milton Salles Neto, o Matadouro Municipal de Carmo da Mata foi fechado nesta sexta-feira, depois de denúncia da TV Alterosa. De acordo com o secretário geral de administração municipal, João Marques Moreira Neto, o conhecido Marruco, em declaração à Alterosa, o abate de carne será feito nas cidades vizinhas de Campo Belo e Cláudio até que o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) analise a situação do local.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Matadouro Municipal: TV Alterosa mostra as péssimas condições de higiene

Veja matéria do Jornal da Alterosa - 2ª edição, de 1º de novembro de 2007:

A vez da carne - Falta de higiene em abatedouro do interior de Minas

A reportagem da TV Alterosa mostrou para todo o Estado as péssimas condições de higiene do Matadouro Municipal. O Blog DiCarmo vai apurar mais informações para saber qual o perigo de se consumir uma carne abatida no local.

A foto a seguir foi tirada em 1º de maio de 2002.


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Carmo da Mata é notícia!

Em 2007, Carmo da Mata foi destaque na imprensa mineira e nacional com a prisão do padre Cléber Domingos Gonçalves, por suspeita de pedofilia. Mas, nos últimos anos, vez ou outra, a cidade é evidenciada pela mídia. Numa rápida pesquisa nos arquivos digitais do jornal Estado de Minas, o Blog DiCarmo descobriu outros momentos.

Em 29 de julho de 2000, a hoje extinta coluna Interesse Público, da jornalista Bertha Maakaroun, mostrou as primeiras repercussões do processo do Ministério Público do Estado, que se iniciava, contra o ex-prefeito Fernando Lobato e o ex-chefe de gabinete Almir Resende:

Naquele mesmo ano, em 20 de abril, a professora carmense Júnia Paixão Mendes de Castro, na seção de cartas à redação, cobrava uma postura firme dos eleitores brasileiros no voto para a disputa municipal que se aproximava:

O ano de 2003 ficou marcado para a polêmica da retirada das imagens santas de escolas municipais. Na época, a determinação partiu da então primeira-dama, a secretária de educação Luzia Andrione. A reportagem de 25 de março conta um pouco da história:

Numa reportagem especial de 26 de abril de 2004, Carmo da Mata é citada como um das 54 cidades mineiras que, na época, estavam sem juiz titular. O município continua sem um juiz próprio:


Carmo da Mata é destaque em matéria do dia 22 de maio de 2005 sobre a criação do Circuito Turístico Campo das Vertentes:


O então prefeito Odir Andrioni foi mencionado na lista de prefeitos processados pela justiça, em reportagem publicada em 19 de novembro de 2001. A reportagem, contudo, não diz qual o crime cometido pelo ex-prefeito carmense:


O Estado de Minas erra ao citar que um centro odontológico de uma determinada cidade é de Carmo da Mata. A foto foi publicada em 9 de outubro de 2002, na primeira página. A interrogação (?) foi acrescentada pelo Blog DiCarmo:


Carmo da Mata foi considerada pela reportagem de 19 de outubro de 2003 como uma região de granitos de qualidade para a extração:


A então estudante Rosiane Francisca Moreira Claret participou da enquete Fala Cidadão, de 1º de abril de 2001. Veja onde ela disse que iria passar o feriado de Semana Santa:


A influência da família de Milton Neto, atual prefeito carmense, garantiu algumas linhas em colunas ou seções de notas do Estado de Minas que ajudaram a promover o político e a cidade. Em uma delas, o colunista erra ao falar de Reveillon na inexistente praça JK:









terça-feira, 9 de outubro de 2007

Caio para o BBB!

O universitário carmense Caio José Pelegrino Silva, 20 anos, é mais um entre milhares de brasileiros que sonham entrar na mais famosa casa do Brasil, a casa do Big Brother. A oitava edição do programa da Rede Globo, que começa em janeiro do próximo ano, mostra a intimidade de 16 participantes, vigiados 24 horas por dia por câmeras de vídeo. O prêmio: nada menos que R$ 1 milhão.

A novidade na seleção dos BBBs deste ano é a possibilidade dos candidatos postarem informações pessoais na site do programa
e terem seus perfis avaliados pelos internautas. Ter muitos votos não significa passaporte definitivo para a casa.

Mas, para efetivarem a inscrição, além de preencherem uma ficha, os aspirantes têm que produzir um vídeo e enviá-lo à produção pelo correio até o próximo dia 15. Em entrevista ao site de notícias G1, o diretor do programa, J. B. de Oliveira, o Boninho, acredita que 200 mil pessoas devem se cadastrar pela internet e que 80 mil fitas sejam enviadas à Globo.

Caio é estudante de Direito da PUC Minas. Nascido em Carmo da Mata, mudou-se para Belo Horizonte há dois anos. Ele mora em uma república com mais cinco carmenses, entre eles o irmão Vitor. Veja o vídeo produzido pelo universitário.

O estudante é fã do programa e só não acompanhou a primeira edição. “Quando assisto, às vezes, fico imaginando o que faria em determinadas situações”, conta. Se selecionado, promete agradar o público “Sou meio atrapalhado, o que pode fazer a galera dar boas risadas de mim lá dentro”, afirma.

Caio diz ter o apoio de amigos e familiares para entrar na casa. Ele não se importa em ter a intimidade revelada pelas câmeras. “Acho que seria bem interessante. A galera iria me conhecer melhor”, avalia.

Dêem uma força ao Caio. Vocês acham que ele merece entrar no BBB? Vote.

sábado, 29 de setembro de 2007

Neneco é processado por crime ambiental

O empresário Manoel Costa de Oliveira, o conhecido Neneco, teve a prisão preventiva decretada por crime ambiental. Ele é dono da Fundição Carmense, uma das maiores indústrias da cidade.

Depois de um acordo com a justiça, o advogado do empresário conseguiu suspender a prisão, pedida pelo juiz da comarca, Mauro Riuji Yamane, no dia 14 de agosto. O que levou o juiz a pedir a prisão preventiva de Neneco foi o fato do empresário não receber intimações ou atender às solicitações da justiça.

A detenção foi aliviada pela justiça no dia 10 de setembro, mediante a determinação de que Neneco comparecesse ao fórum de Carmo da Mata no último dia 18. O empresário cumpriu o acordo. Segundo o jornal Tribuna do Carmo, ele esteve no fórum na data estipulada, acompanhado do advogado Carlos Frederico Veloso Pires. Neneco, de 76 anos, estava de muletas e subiu as escadas do prédio acompanhado da filha. O advogado não quis falar com a reportagem do jornal.

O empresário foi indiciado por crime ambiental pela delegada Adriene Lopes, por infração ao artigo 69 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal 9.605/98), que prevê pena de um a três anos de reclusão, além de multa, para quem criar obstáculo ou dificultar a ação fiscalizadora do poder público no trato de questões ambientais.

Em 2 de março de 2005, engenheiros do Instituto Estadual de Florestas (IEF) não conseguiram entrar nas instalações da Fundição Carmense, às margens da BR 494, para fiscalizar possíveis irregularidades no uso de carvão vegetal de origem nativa.

No dia seguinte, acompanhado da Polícia Militar de Meio Ambiente, os engenheiros do IEF só conseguiram a entrada na indústria depois de quatro horas de espera. Funcionários da empresa alegaram que estavam tentando localizar o empresário e que a procura durou 45 minutos. As informações constam no relatório da Polícia Civil, que expõe outros crimes ambientais praticados por Neneco.

O inquérito foi concluído e enviado à justiça em 7 de fevereiro de 2007. No despacho de Mauro Riuji Yamane, que determinou a reclusão do empresário, ele foi classificado como uma “figura fantasmagórica e espectral”.

(Com informações do jornal Tribuna do Carmo sobre o processo jurídico)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Fernando Lobato fora do páreo

Ex-prefeito comenta condenação que o deixa fora da disputa por cargos públicos pelos próximos cinco anos; político terá que trabalhar nos bastidores

Prefeito municipal por três mandatos (1977/1982, 1988/1992 e 1997/2000), Fernando Lobato foi condenado pela justiça por crime de responsabilidade pela contratação irregular de servidores e a utilização de serviços públicos em benefício próprio ou de terceiros. A sentença suspende os direitos políticos do ex-prefeito por cinco anos, que também não poderá ocupar cargos públicos no mesmo período. Fernando foi comunicado da condenação definitiva no dia 28 de agosto.

Em entrevista exclusiva ao Blog DiCarmo, o ex-prefeito não esconde a frustração por ficar de fora das eleições do ano que vem, mas se diz confiante no grupo de oposição formado para enfrentar Milton Neto, que deve ser candidato a reeleição.

“Nós tínhamos quatro candidatos nas últimas eleições e agora vamos trabalhar em prol do novo grupo formado dentro de um programa democrático. Já decidimos fazer uma pesquisa, e o mais bem votado será o candidato a prefeito e, o segundo, o vice”, adianta o ex-prefeito.

Além de Fernando, que conquistou 22,98% do eleitorado nas Eleições 2004, a oposição que deve fazer frente ao prefeito inclui o segundo candidato mais bem votado no último pleito, Almir Resende, que teve 26,36%, e Fernandinho Diniz, que atingiu 22,8% dos votos. A oposição, entre outros nomes, é formada também pelo candidato derrotado a vice, Senílio Piassi, e por um dos maiores críticos do governo Milton Neto, o atual vice-prefeito Lafaiete Ribeiro de Rezende, que se desentendeu com o prefeito.

“Eleição é sempre eleição. Por isso é uma disputa. Sou uma pessoa humilde. Não vou opor aos outros. Estamos fazendo um grupo para ganhar. Vai depender de quem dos nossos for mais votado”, reafirma Fernando. “Eu fiquei quieto e eles (os novos aliados políticos) vieram me procurar. Como eu falei com todos: as portas estão abertas tanto para entrar, como para sair”, completa. Sobre a administração Milton Neto, ele se limitou a dizer: “Ele tem feito algumas coisas sem pensar, sem um planejamento futuro”, se referindo a obras de pavimentação asfáltica sem que seja feita canalização de água e esgoto previamente.

Sem a possibilidade de se candidatar, Fernando Lobato terá de se contentar em trabalhar nos bastidores. Mas, neste período, ele já terá que cumprir a pena da justiça que inclui 880 horas de serviços à comunidade, além do pagamento parcelado de 50 salários mínimos a entidades assistenciais.

Desenrolar judicial

O crime de responsabilidade de Fernando foi praticado em sua última gestão. O processo que condenou o ex-prefeito teve origem numa denúncia feita em 20 de julho de 2000, pelo então procurador de justiça do Estado de Minas Gerais, Márcio Decat de Moura, e pelo promotor de justiça de Defesa do Patrimônio Público, Antônio Sérgio Tonet, após a conclusão do inquérito policial.

Segundo os denunciantes, o ex-prefeito teria feito a contratação de seis servidores sem concurso público ou registro formal, no período de julho de 1998 a maio de 2000, ferindo o artigo 13 do Decreto-lei 201, de 27 de fevereiro de 1967.

A condenação foi feita em sentença proferida em 22 de maio de 2002, pelo juiz Otávio Lomônaco, que atuava na comarca de Carmo da Mata na época, e confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJMG). O juiz da comarca local havia condenado o ex-prefeito a dois anos e cinco meses de detenção, em regime aberto, mas os TJMG substituiu a pena por serviços comunitários.

Fernando Lobato também foi denunciado pelo Ministério Público e condenado pela utilização de servidores em seu proveito e de terceiros, envolvendo nove funcionários da prefeitura que seriam beneficiados com a reforma e construção de residências particulares, entre elas, a do então chefe de gabinete da prefeitura, Almir Resende. Neste caso, a condenação se deu com base no artigo 1º, inciso II, do Decreto-lei 201/67.

Todas as instâncias para a apelação da defesa de Fernando foram esgotadas e ele não conseguiu provar inocência, sendo oficialmente comunicado da condenação dia 28 de agosto deste ano, sete anos depois de iniciado o processo. “Minha mão já está calejada, mas a minha consciência está limpa porque arrumei casas de pessoas carentes e realizei a contratação de tratoristas”, disse o ex-prefeito, explicando que sua intenção era ajudar quem precisava.

Almir também próximo da inelegibilidade

Almir Resende, candidato derrotado das últimas eleições, e que ocupa, hoje, o cargo de diretor do departamento municipal de agricultura é co-réu, ao lado de Fernando Lobato, dos crimes de responsabilidade pela contratação irregular dos servidores públicos e da utilização de serviços públicos em benefício próprio.

Ele ainda não pode ser considerado inelegível porque na audiência admonitória, que comunicaria ao réu a condenação, realizada no dia 18 de setembro, o advogado de defesa alegou ao juiz da comarca, Mauro Riuji Yamane, que um recurso está em tramitação no Superior Tribunal Federal (STF), em Brasília. Com isso, Almir ganhou prazo de 30 dias para anexar ao processo comprovante que o recurso está sendo analisado na capital federal.

Se confirmada a condenação, o ex-chefe de gabinete de Fernando Lobato deverá pagar multa de dez salários mínimos e ser desligado do cargo de diretor de agricultura do município. Mas o maior prejuízo seria a inelegibilidade por cinco anos. Almir seria um dos trunfos da oposição para superar o atual prefeito nas urnas.

(Com informações do jornal Tribuna do Carmo sobre o processo jurídico)

(Foto: Thiago Nogueira - 12.09.2004)


Nota importante: Depois que a matéria foi publicada, o Blog DiCarmo conseguiu contato com Almir Rezende (dia 21/07, às 14h), que negou fazer parte de um novo grupo político na cidade. Ele diz que é fiel ao governo Milton Neto, onde ocupa o cargo de diretor do departamento de agricultura do município. O Blog DiCarmo considerou que Almir integrava a oposição baseado em informações colhidas com políticos da cidade. Sobre o processo judicial, Almir está seguro que ele pode ser revertido ou prescrever. Ele ainda estuda sua estratégia para as eleições do ano que vem.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

População carmense cresce


Números preliminares divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram um pequeno crescimento da população de Carmo da Mata. A Contagem Populacional 2007 apurou que 10.936 carmenses vivem nos 357 quilômetros quadrados que delimitam o município. Com relação à última estimativa, apresentada em 2004, o aumento é de 4,28%. Naquele ano, a cidade tinha 10.487 habitantes.

A primeira parte da contagem populacional 2007 levantou dados de cidades com até 170 mil habitantes. Os dados definitivos do IBGE serão divulgados dia 24 de setembro. Até o dia 12, os recenseadores irão voltar às casas que estavam fechadas ou onde os moradores se recusaram a passar informações. Dia 24, serão divulgadas também as estatísticas sobre as populações das grandes cidades. (Foto Thiago Nogueira - 12.07.2004)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Uma Carmo da Mata na periferia de BH

Uma Carmo da Mata sem um único carmense. Mas uma Carmo da Mata com ladeira, um bom dedo de prosa no boteco, uma limpeza de rua com jato d’água e um povo hospitaleiro, simpático e com muitas histórias para contar. Em meio às milhares de ruas de Belo Horizonte, uma delas, com 700 metros de asfalto irregular e casas de muros altos, nos chama a atenção. Mesmo sem saber que a Rua Carmo da Mata, no Bairro Saudade, Região Leste da capital mineira, foi batizada em homenagem a nossa cidade, moradores locais mantém características que lembram costumes carmenses.

É o caso do pintor Paulo Silva de Carvalho (foto), 51 anos, nascido e criado na região. Todo final de tarde, ele e os amigos se encontram no único bar da rua. É hora de colocar a conversa em dia. “A pinga não deve ser a mesma da sua terra, mas é boa também!”, ele diz, virando meio-copo da cachaça em um só gole.

Maria do Perpétuo do Socorro Silva, filha do dono do bar, garante a qualidade do estabelecimento. “Meu pai toma conta daqui tem uns 35 anos. O bar já existia e é referência do bairro. Aqui o tradicional é a cerveja gelada e o torresmo. Mas tem também dobradinha, pinga. Eu vendo de tudo”, conta.

O local também é ponto predileto dos moradores nas discussões sobre futebol. Tal como na cidade de Carmo da Mata, a rivalidade Atlético e Cruzeiro é grande. A paixão dos moradores da rua pelo esporte também é mostrada nas pinturas desgastadas em postes e trechos do asfalto: são marcas em verde-amarelo. Foi o que restou de lembrança da última Copa do Mundo, no ano passado.

A semelhança entre a rua de Belo Horizonte e a cidade carmense passa pelos traços geológicos. A rua nasce no alto de um morro, bem de frente a um dos muros que delimita o Cemitério da Saudade. Nos primeiros metros, a via tem um grande declive, formando uma espécie de tobogã. Depois, a descida fica menos acentuada. Em alguns lugares, foi necessária a colocação de quebra-molas para evitar o excesso de velocidade dos veículos.

A rua é estreita, bem arborizada e um piso de asfalto com alguns remendos. Cortada por outras quatro ruas, a Carmo da Mata vai se findar na Avenida Belém, próximo a uma favela conhecida pelos moradores como Mata do Inferno. A região é de fácil localização para o carteiro Elison Alves Botelho. “Excelente, e o pessoal é tranqüilo também”, ele diz, confirmando que não teve qualquer problema cachorros importunos. “As casas tem tudo caixa-de-correio”, ressalta.

Numa rápida caminhada, é possível perceber outros hábitos comuns à cidade do interior. Crianças brincam livres pela rua, pedestre caminham fora da calçada, vizinhos batem papo, moradores andam sem camisa e uma dona-de-casa varre a porta de sua residência com um jato d’água (foto), uma atitude, diga-se, ecologicamente incorreta. Além do bar, o único comércio da Rua Carmo da Mata é uma vídeo-locadora.

Uma das características do Bairro Saudade, segundo os próprios moradores, é o conservadorismo, por causa de famílias que ali se instalaram há décadas. Quase todas as casas têm um muro alto à frente, para dar maior proteção. Tal como na cidade de Carmo da Mata, na rua, todos se conhecem. E como um bom carmense, a vizinhança da rua também é desconfiada. Quando a reportagem fazia fotos do local próximo a uma casa em construção, os operários queriam saber do que se tratava, receosos com uma possível fiscalização.

Onde?

Os moradores entrevistados pelo Blog DiCarmo não sabiam que existia uma cidade chamada Carmo da Mata. “Onde fica?”, eles perguntaram. A dona-de-casa Darcy de Oliveira disse que já foi várias vezes em Oliveira, mas nunca tinha ouvido falar na cidade carmense. Matada a curiosidade, cada morador procurou descrever como é cotidiano na rua.

Darcy, 74 anos, que se mudou para a rua aos sete anos de idade, procura conviver bem com a vizinhança. “Não tem muito problema, não tem assalto”, comenta. O pintor José Geraldo da Silva, 43 anos, é nascido na região, assim como o irmão Paulo. Ele ficou surpreso ao ser informado que existia uma Carmo da Mata bem maior que aquela onde ele morava. Ele não tem nada do que reclamar dos vizinhos. “É um povo bacana, são pessoas que não querem confusão”, ele comenta.

A proximidade com o cemitério é uma peculiaridade que faz José Geraldo se recordar da infância. “Antigamente, eu ficava com medo. O cemitério era cercado por grade, não por muros. Quando chovia, era aquela enchente de crânio, fêmur, ossos. Eu ia para a rua com medo”, conta.

O único ponto em comum entre a rua do Bairro Saudade e a cidade do interior de Minas está bem debaixo dos pés do moradores de BH. É um tampão de ferro no centro da rua, logo na primeira esquina. O objeto tem os dizeres: F. Carmense. É um tampão fabricado pela Fundição Carmense, a precursora do ramo na cidade. Sua presença ali não deixa de ser um símbolo de que Carmo da Mata, afinal, transpôs as fronteiras e se fez presente na capital mineira. (Fotos Thiago Nogueira)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tardes de truco fazem parte da vida de aposentados carmenses

As tardes na Praça Presidente Vargas não seriam as mesmas sem a turma de aposentados que diariamente se divertem jogando truco nas quatro mesas de concreto instaladas em meio às árvores do local. Sem realizar apostas em dinheiro, a rotina dos cerca de 20 homens – oito duplas jogando, fora os ficam apenas observando, aguardando a vez de cartear – se repete há mais de dez anos.

O aposentado Francisco Batista da Silva, o Chico Ganga, de 70 anos, diz que sente falta quando não pode ir à praça para jogar com os amigos. Ele também não fica satisfeito só de jogar. Para conseguir vencer as partidas, é preciso ter destreza e agilidade. “O principal é o sinal (combinação de gestos entre os parceiros que facilita as jogadas). Tem que ter sorte também, e tem dia que a carta não vem”, explica o aposentado.

Quem explica o ambiente do jogo na praça é o aposentado Narciso Canuto, de 78 anos. Ele já chegou a viajar e disputar torneios profissionalmente. “Tem que ter muita experiência e sabedoria. No truco você vai apanhando as manhas aos poucos. Quanto mais joga, mas experiência adquire”, afirma.

O jogo é pura diversão, garantem os aposentados. Um deles conta que foram alertados pela polícia da cidade para não apostarem dinheiro. A intenção de transformar a praça num palco de jogatina nem passou pela cabeça deles. “É só uma brincadeira mesmo”, todos dizem.

Os baralhos e a toalha de mesa são providenciados por eles mesmos. Os aposentados começam a chegar por volta de duas da tarde e vão formando as duplas. Quem chega depois fica de fora, num movimento que eles gostam de chamar de “senta e levanta”.

As mesas estão instaladas num canto da praça onde as árvores não são suficientes para sombrear todo o local. Em dias de sol forte, eles improvisam novas bancadas bem debaixo da copa das árvores, num ponto em frente à rodoviária.

O truco praticado na praça não é privilégio só de aposentados. Crianças e jovem também arriscam enfrentar os mais experientes. Taxistas e outros amantes do jogo também costumam dar uma passadinha por lá no final da tarde, logo depois do expediente
. (Matéria publicada no jornal Tribuna do Carmo em 1º de agosto de 2007. Foto: Thiago Nogueira)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Mestre Calango: de Minas para Massachusetts

Há quase cinco anos morando nos Estados Unidos, Luis Carlos Galvez, o Mestre Calango, 43 anos, importou para a América a mesma filosofia de ensino da capoeira que aprendeu no Brasil. Em busca do sonho americano, ele deixou a terra natal e as aulas de capoeira em Oliveira e Carmo da Mata para alcançar novos objetivos pessoais e profissionais. O capoeirista concedeu entrevista ao Blog DiCarmo (e também aos jornais Tribuna do Carmo, de Carmo da Mata, e O Regional, de Oliveira) pelo MSN (Microsoft Service Network), um programa de bate-papo via internet.

(Fotos de arquivo pessoal)

O professor de capoeira está morando em Lowell, na costa leste dos Estados Unidos. A cidade, de 105 mil habitantes, é a quarta maior do estado de Massachussetts. Durante o dia, ele trabalha em uma companhia de limpeza. À noite, dá aulas de capoeira em academias, se revezando, durante a semana, entre quatro diferentes cidades da região: Lowell, Newton, Brookline, em Massachussetts, e Nashua, no estado de New Hampshire.

O capoeirista foi para os Estado Unidos em setembro de 2002, levado por uma ex-namorada que já vivia lá. Mestre Calango não tem registro legal para permanecer no país, mas aguarda, com esperança, uma mudança nas leis de imigração americana. Ele preferiu não dar detalhes de sua entrada nos Estados Unidos. No estado de Massachussetts, estima-se que vivam cerca de 15 mil brasileiros.

Mestre Calango divide a casa onde mora com mais dois amigos brasileiros, missionários da Igreja Católica. Há nove meses, ele namora Danise Borges, uma paulista de Franca, interior de São Paulo. E as proximidades com o Brasil também se mantém nos hábitos alimentares. O arroz com feijão é comida certa em substituição à “junk food”, alimento com pouco valor nutricional, típico dos americanos. Isso sem contar naquele cafezinho diário, que não pode faltar.

A pescaria é outro costume herdado dos tempos de Brasil. “Eu adoro. Eu ia todo final de semana pescar em Carmo da Mata. E aqui no verão também tem muito lugar para pescar”, conta Mestre Calango, exibindo, no MSN, a foto de uma carpa de 20 quilos que fisgou.

Mesmo morando em Lowell, Mestre Calango não poderia estar tão em casa. Ele apontou várias coincidências entre a cidade americana e Oliveira. Lowell é um município fabril, com muitas fábricas de tecido. A cidade também é cortada por um rio, o Merrmack, do mesmo jeito que o rio Maracanã, em Oliveira. A cidade mineira tem o mais velho jornal em circulação de Minas e a cidade americana também: o Lowell Sun, periódico mais antigo de Massachussets. As coincidências seguem por uma estação de trem desativada, tal como Oliveira, e ainda, um vice-gerente de banco conhecido lá como Frank, que diz ser parente de Carlos Chagas, ilustre oliveirense.

Aulas americanas

O professor de capoeira tem hoje cerca de 40 alunos, das mais diferentes nacionalidades. A filosofia de ensino do esporte, ele fez questão de manter. A começar pelo nome da academia: Capoeira Rosa Rubra, a mesma denominação adotada em Carmo da Mata e Oliveira. A seqüência de atividades nas aulas, com exercícios individuais, prática de movimentos em dupla, aperfeiçoamento da técnica, treinamentos de acrobacia e o jogo de capoeira também são os mesmos.

Ele conta que a capoeira, um esporte que mistura luta, dança, cultura popular, música e brincadeira, tem caído no gosto dos americanos. “A capoeira é uma terapia. Hoje em dia não tem mais correntes que nos prendem. Elas são psicológicas. Os americanos, às vezes, são pessoas muito frias. Praticando a capoeira, elas se tornam alegres, descobrem seus limites, ampliam sua visão de mundo, através do movimento, da música. A capoeira é um elemento de transformação”, ressalta.

Mestre Calango não foi precursor do esporte na região. Por lá, já viviam muitos mestres de capoeira antes de sua chegada. “E tem sempre batizado (quando o aluno recebe uma graduação) pra gente ir”, comenta o professor de capoeira, que costuma fazer apresentações em praça pública para divulgar o esporte brasileiro. “Tenho um aluno que já tem 60 horas de filme para um documentário. Vamos fazer com que a capoeira se difunda muito mais”, adiantou.

Passado

No Brasil, Mestre Calango deu aulas para crianças, jovem e adultos. Em Oliveira, o capoeirista ministrou aulas de 1987 a 2002. Em Carmo da Mata ele ensinou os golpes de capoeira entre 1991 e 2001. Ele faz questão de ressaltar as amizades que vez nas duas cidades, mas não esconde algumas frustrações pessoais e profissionais, que acabaram o influenciando na decisão de deixar o país.

“Tive muitas alegrias com a capoeira, mas também tive muitas decepções. Como eu já tinha ido para Londres, em 1990, eu queria sair do Brasil de novo. E com essas decepções, não tinha mais nada que me prendia aí. Quem faz um bom trabalho, e é exigente, muitas vezes não tem uma quantidade ideal de alunos para se manter. O que me desmotivou bastante foram aquelas pessoas que davam a graduação só para se manter. Então, apareceu a oportunidade e eu saí”, afirmou.

Em Carmo da Mata, ele ficou desapontado com o poder público. “Faltou um pouco de apoio da prefeitura. Aquele cinema era muito sujinho. Cheguei a dar aulas na casa da Mirinha também”, relembra o professor, que precisava de um espaço físico grande para ministrar suas aulas.

Apelidos

Uma das características da capoeira é apelidar os alunos com nomes diversos. E como muitos são dados quando criança, o codinome acaba sendo incorporado para o resto da vida. Para testar a memória de Mestre Calango, o Blog DiCarmo perguntou de quais apelidos ele se lembrava.

Em Carmo da Mata, ele recordou os apelidos Canguru, Blue, Abelha, Bunitinha, Pardal, Namorada, Foguinho e Gaiola. Em Oliveira, Alegria, Cravo, Vilão, Peteca, Caixinha, Soldado, Magia e Brinquedo. “Você quer mais, são tantos?”, ele perguntou, terminando por aí mesmo a lista. Ele fez questão de citar também a turma da “Capoeira não tem Idade”, formado por alunos que ele preferiu classificar como “pessoas mais experientes”.
Nos Estado Unidos, o costume de apelidar os alunos foi mantido. E em português, explicando o significado da palavra. Alguns exemplos: Farofa, Bacalhau, Abacaxi, Boneca, Tijolo, Pitu, Bicicleta, Jangada e Moleque.

Pessoal

Mestre Calango é paulista de São Bernardo do Campo, cidade que, desde a década de 1950, tem sua economia baseada na indústria automobilística. Ele trabalhava na Scania, empresa fabricante de caminhões e ônibus. Após uma crise, Calango foi demitido e acabou indo junto com o pai para Oliveira.

Por muitos anos, pai e filho tiveram uma fábrica artesanal de produtos de limpeza. O pai de Mestre Calango, Henrique Galvez Sanches, mora em Oliveira e acabou de completar 68 anos. A mãe mora em Sumaré, no interior paulista. Quem também mora em São Paulo são as duas filhas e a ex-esposa.

O então aspirante à capoeirista aprendeu a técnica e os golpes do esporte com o Mestre Ousado, que hoje vive em Cingapura, no sudoeste asiático. Ele lembra exatamente quando começou a praticar capoeira: 12 de abril de 1980, em São Bernardo do Campo. “Eu precisava fazer um esporte. Fui olhar outras lutas, mas a capoeira me chamou mais a atenção”, lembra.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Padre acusado de abusar sexualmente de crianças fala pela primeira vez à justiça

Matéria publicada no portal Megaminas.com em 07/08/2007, às 19h33.

MGTV/Megaminas.com

Hoje foi a primeira vez que o padre acusado de abusar sexualmente de crianças em Carmo da Mata falou à justiça. O interrogatório começou com meia hora de atraso e durou cerca de duas horas. Do lado de fora do Fórum, moradores da cidade acompanharam atentos. Alguns ficaram na igreja rezando pela liberdade de Padre Cleber. Na saída, o padre foi aclamado pelos fiéis.

A partir de agora a defesa tem três dias para reunir testemunhas para provar a inocência do acusado. Os depoimentos recomeçam no dia 06 de novembro. Se for condenado o padre pode pegar até 12 anos de prisão.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Guerra política: Milton e Lafaiete se enfrentam pelo rádio

Prefeito e vice, eleitos com 27,86% dos votos válidos, se desentenderam logo no início mandato e agora, a pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, trocam, publicamente, acusações graves

A prisão de padre Cléber Domingos Gonçalves mexeu com os nervos carmenses, e mais um embate político está em pauta em Carmo da Mata. Em meio a comentários irônicos, o vice-prefeito Lafaiete Ribeiro de Rezende disparou contra o prefeito Milton Neto acusações graves e polêmicas. Ele discursou na rádio comunitária Radical FM, na sexta-feira, dia 13 de julho, dias antes da festa de Nossa Senhora do Carmo, comemorada no dia 16. As palavras de Lafaiete criaram alvoroço na cidade. Ele ganhou direito de resposta na rádio depois que o prefeito Milton Neto o chamou de oportunista no caso que envolve a prisão de padre Cléber. O pronunciamento do prefeito aconteceu três semanas antes, no programa de rádio semanal da prefeitura.

Desentendimentos políticos fizeram Lafaiete deixar o governo logo depois de tomar posse, no início de 2005. E só agora ele volta a utilizar-se dos microfones para falar em público. Milton Neto estava em Brasília, no dia do pronunciamento, e só ouviu a gravação dias depois.

Logo que soube da prisão do padre, o vice-prefeito tomou providências para a contratação de um advogado que defendesse o sacerdote. Daí por diante, um cenário, não oficialmente declarado, colocou Lafaiete e padre Cléber – apontado pela população como um bom administrador – de um lado e o prefeito Milton Neto do outro, acirrando, de vez, um quadro bipolar que deve ser formado para as eleições de 2008.

Após o pronunciamento do vice-prefeito, o Blog DiCarmo procurou insistentemente o prefeito Milton Neto para dar a ele o direito de se defender das acusações de Lafaiete. Durante esse tempo, o blog negociou a gravação de uma entrevista, através de seus assessores, mas não obteve sucesso. O Blog DiCarmo fez também o pedido de uma nota oficial do prefeito sobre o caso, mas até a publicação deste, o prefeito e seus assessores não haviam respondido.

Só no programa semanal da prefeitura, na rádio Radical FM, uma semana depois, sexta-feira, dia 20, em sua única manifestação pública depois do fato, o prefeito falou sobre o caso. Ele não entrou muito na polêmica e preferiu apresentar um relatório com obras prontas e em andamento. Nas duas semanas seguintes, dia 27, e nesta sexta-feira, dia 3 de agosto, o prefeito não compareceu à rádio para participar do programa.

Faltando pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, o Blog DiCarmo antecipa o debate político, dando chance para que não ouviu o pronunciamento de Lafaiete, também refletir sobre ele. Abaixo, você acompanha as declarações e os principais assuntos abordados pelo vice-prefeito no dia 13. Acompanhe também o comentário do prefeito Milton Neto, feito no programa de rádio do dia 20, sobre algumas das acusações de Lafaiete.

Caso Padre Cléber

O vice-prefeito Lafaiete, definitivamente, não concorda com o termo “oportunismo”, empregado pelo prefeito Milton Neto. Lafaiete se defendeu dizendo que Padre Cléber era um amigo da família e que faria isso por qualquer um que precisasse da ajuda. Ele diz ter tomado providências, primeiro, contratando um advogado, e, depois, indo à cadeia de Carmo do Cajuru, onde o padre foi levado, para que o sacerdote recebesse um tratamento digno.

“Ele se sentia tão bem no anseio de nossa família. (...) Estávamos tendo-o como sendo de dentro de nossa casa e, por que não dizer quase a ocupar o lugar de um filho.” (Lafaiete)

“Senhor prefeito, não posso chamar isso de oportunismo, e nem o senhor pode me taxar de tal forma. E sim, de oportunidade, oportunidade de fazer o bem sem olhar a quem.” (Lafaiete)

Eleições 2004

Lafaiete garantiu que Milton Neto não venceria as eleições para prefeito se a chapa não fosse formada pelos dois. O vice-prefeito contra-atacou as acusações de oportunismo e mostrou claro arrependimento com a aliança formada em 2004, duvidando, hoje, da dignidade do antigo companheiro.

“(...) oportunidade que tive de lhe ajudar, senhor prefeito, e a usei quando emprestei meu nome para que galgasse ao posto de prefeito desta cidade. Fato que não aconteceria caso meu nome não fosse empenhado a seu favor, na condição de vice-prefeito contigo, como bem sabe, senhor prefeito.” (Lafaiete)

“Eu que era cotado para esse cargo. Todavia, não mais interessado em práticas políticas naquela época, mas em ajudar a comunidade, empenhei meu nome na condição de vice, fazendo alocar seu nome na chapa na condição de prefeito, pensando estar, dessa forma, ajudando a comunidade, já que, enganadamente, julgava tratar-se de pessoa digna. Era o que a principio pensava. Engano meu, pois perdi a oportunidade de não deixar, aí sim, um verdadeiro oportunista entrar no poder.” (Lafaiete)

“Oportunista, senhor prefeito, é você mesmo, que se aproveitou de meu dinheiro e de meu prestigio junto aos meus eleitores, para se eleger prefeito de Carmo da Mata. Sem a minha ajuda, você não seria o prefeito desta terra.” (Lafaiete)

Não prestação de contas de campanha

Lafaiete fez graves acusações, afirmando ter doado R$ 80 mil reais para a campanha à prefeito que não constaram na prestação à Justiça Eleitoral. O vice-prefeito diz que tem cópia dos cheques e recibos, e que a doação consta em sua declaração de Imposto de Renda.

“Te ajudei com um bom dinheiro na campanha, sem querer ou pedir nada em troca. Dinheiro, diga-se, que vossa excelência não declarou à Justiça Eleitoral em sua prestação de contas. E olha que foram quase R$ 80 mil. Vale lembrar que o inquérito quanto a esses desvios de dinheiro de campanha já foi findado pela Polícia Federal, da qual o senhor foi convidado a comparecer lá por três ou quatro vezes e foi remetido à Promotoria Especializada de Crimes Praticados por Prefeitos, na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. O dinheiro que lhe entreguei foram devidamente registrados em recibos.” (Lafaiete)

Acusações veladas de alcoolismo

Utilizando-se de ironias, Lafaiete alfinetou o prefeito, insinuando o possível uso exagerado de bebidas alcoólicas por parte do prefeito e de outras práticas imorais.

“Jamais passei noites embriagado e na orgia, não tenho vício do jogo de cartas, não sou alcoólatra. As minhas horas de lazer eu as tenho lendo um bom livro, ouvindo uma boa música ou então apreciando a natureza. Não faço uso de bebidas alcoólicas para permanecer desinibido perante o povo da minha terra.” (Lafaiete)

Escolaridade

Lafaiete foi debochado ao comparar seu nível de instrução com o do prefeito e nem um pouco humilde para falar de si mesmo.

“A minha profissão é a medicina. (...) Que inveja hein, senhor prefeito. Está aí a diferença entre nós. É muito grande, é muito grande mesmo (risos).” (Lafaiete)

“Quem nunca ouvi falar no doutor Lafaiete. O meu conhecimento vai além da fronteiras brasileiras.” (Lafaiete)


Antes mesmo de abrir seu discurso, Lafaiete fez questão de ler seu currículo, onde constam diversos cursos de medicina no exterior. Lafaiete ridicularizou Milton Neto que teria dito “parôco” e não pároco, como é o certo, no programa de rádio que gerou toda a polêmica. Só que Lafaiete provou do próprio veneno ao pronunciar, durante o discurso, a palavra “beneficiente”, ao invés de beneficente, a grafia correta.

Lafaiete usou-se de outra declaração do prefeito para criticá-lo. No programa de rádio, Milton disse que o posto de saúde recém-inaugurado era um mini-hospital. O vice-prefeito, novamente, menosprezou a capacidade intelectual do agora adversário político.

Esse foi um dos temas que Milton Neto resolveu responder em seu programa, na semana seguinte. Para o prefeito, seu trabalho diário vale mais que qualquer diploma.

“O meu currículo, o currículo da minha família, o diploma da minha família é a política, o trabalho, a honestidade. Eu não preciso e nem quero ter cursos, ter diplomas no exterior. Meu avô nunca teve, meu pai nunca teve e eu também não quero ter. O que eu quero tentar é continuar o trabalho da minha família.” (Milton Neto)

Saúde

O grande ponto de discórdia entre Milton e Lafaiete está na área de saúde, um dos principais motivos para o fim da parceria entre os dois. Milton sempre disse em campanha que seu secretário de saúde seria o médico Lafaiete. Mas logo que tomou posse, o prefeito nomeou o servidor público Alberto Nunes de Mendonça, o Tinho.

Em seu pronunciamento, Lafaiete quis mostrar a ingratidão por parte do prefeito e ainda fez acusações graves de cerceamento de informações públicas na área de saúde. O vice-prefeito solicitou dados sobre o sistema de saúde do município, mas a prefeitura não lhe repassou.

Salários

Pelo fato de estar fora do governo, Lafaiete foi acusado pelo opositor de receber o salário de vice-prefeito sem nada fazer. Diante da situação, Lafaiete fez uma proposta pública ao prefeito de ambos irem a um cartório da cidade para lavrar um termo e doarem, mensalmente, os salários de prefeito e vice para entidades carentes de Carmo da Mata.

Obras e festas

No discurso, Lafaiete também criticou uma das obras recentemente inauguradas pela prefeitura, ressaltado que a festa de inauguração teve valor maior que a próprio trecho de calçamento de rua em questão. Neste caso, no programa de rádio, Milton rebateu, apresentado números do empreendimento, que calçou cinco ruas no bairro Alto dos Pinheiros e outras duas ruas em outros pontos da cidade.

“Lembro-me que, recentemente, fez um grande alarde na cidade, para a inauguração de 200 metros de calçamento de pedras. Comenta-se na cidade que o preço da festa poderia ser maior que os gastos das obras. É isso que eu chamo de oportunismo e falta de religiosidade, valendo-se de politicagens baratas para elevar seu nome na cidade, como se os cidadãos dessa cidade não percebesse suas manobras eleitoreiras.” (Lafaiete)

“O valor dessa obra foi de R$ 128 mil, verba do deputado federal Jaime Martins, que esteve na inauguração. Eu quero deixar claro que não foram 200 metros. A obra foi no total de 5.480 metros de pavimentos. (...). E para quem quiser ir lá, medir, pode ir lá. As ruas estão todas calçadas. É uma obra que eu fiz questão de fazer uma grande inauguração como eu fiz no asfalto da Cohab Nova, como eu fiz no posto de saúde no bairro da Várzea. (...) Toda obra minha desse porte será inaugurada sim, com grandes eventos, com shows sim, com fogos sim, porque a população desses bairros fica satisfeita. São obras esperadas há muitos anos.” (Milton Neto)

No programa de rádio, onde são prestadas contas da administração pública, Milton Neto relatou o andamento de obras e a licitação de novos empreendimentos. São eles: um salão comunitário de 205 metros quadrados no povoado do Quilombo, orçado em R$ 60 mil, reforma e cobertura da quadra da Escola Municipal Nephtaly Gonzaga de Mello, no bairro da Várzea, no valor de R$ 118 mil, pavimentação asfáltica no bairro Colorado, que custará R$ 154 mil e a seqüência das obras de construção do parque de exposições.

“Quem não gosta de obra, quem não gosta de festa, quem não gosta de fogos, já prepare, possivelmente, para nem estar na cidade. A inauguração do parque de exposições será um evento fantástico (...) Vamos inaugurar o parque de exposições ainda no meu mandato.” (Milton Neto)

O prefeito anunciou outras duas obras significativas para a cidade. A reforma da Praça Presidente Vargas, que ganhará um coreto com banheiros embaixo, fonte luminosa, jardinagem, postes e bancos novos, estacionamento 45 graus e uma praça de alimentação no lugar dos trailers de sanduíche. A obra será licitada no valor de R$ 170 mil. A outra verba garantida pelo prefeito é de R$ 500 mil, empenhada pelo deputado federal Jaime Martins para asfaltar a cidade. O prefeito disse que, a princípio, não seria para asfaltar o centro da cidade, mas apenas bairros.

“A nossa agenda de inauguração deste ano é de inaugurar uma obra por mês.” (Milton Neto)

“Espero estar cumprindo, espero estar dando o retorno à população. Espero que a população esteja satisfeita. Dentro do possível eu estou lutando muito por Carmo da Mata. (...). Estou fazendo o meu máximo.” (Milton Neto)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Padre suspeito de pedofilia ganha liberdade provisória

Matéria publicada no portal UAI - 01/08/2007

Eduardo Melgaço - Estado de Minas

A Justiça de Carmo da Mata, a 180 quilômetros de Belo Horizonte, revogou a prisão preventiva do padre Cléber Domingos Gonçalves, de 35 anos, preso por suspeita de pedofilia.

O ex-pároco da pequena cidade do Centro-Oeste mineiro estava internado na Santa Casa de Oliveira, também na região, depois de passar por uma cirurgia para retirada de uma pedra na vesícula, mês passado. Os problemas de saúde impediram que o padre comparecesse ao 1º depoimento marcado para o dia 24 de julho. Novo depoimento está agendado para a próxima terça-feira.

O pedido de liberdade provisória do pároco foi aceito terça-feira pelo juiz da comarca de Carmo da Mata, Mauro Riuji Yamane, responsável pelo caso. Segundo o juiz, o pedido foi deferido porque o padre não apresenta boas condições de saúde. Mauro Riuji disse ainda que outro motivo para a liberdade preventiva de Cléber Gonçalves é que ele não está mais a frente da paróquia de Carmo da Mata. “Esta decisão não irá atrapalhar o processo em andamento. O depoimento que foi remarcado para o próximo dia 7 vai acontecer”, afirmou.

O Juiz contou também que sua decisão foi questionada pela promotoria da comarca de Oliveira. Um pedido da revogação da liberdade preventiva do sacerdote será analisada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Por enquanto, com a liberdade provisória assegurada, o padre Cléber ficará na casa de amigos em Oliveira. O local não foi revelado por seus advogados. O pároco aguarda em prisão domiciliar o depoimento marcado para a próxima semana, em Carmo da Mata.

Cléber Gonçalves foi preso no dia 28 de maio, em um apartamento na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, na companhia de um garoto de 13 anos. Existe ainda a suspeita de que ele teria abusado sexualmente de uma menina de 14 anos.

De Belo Horizonte Cléber foi transferido para a cadeia de Carmo do Cajuru, também no Centro-Oeste. Dia 18 de junho ele precisou ser levado a Carmo da Mata porque o delegado de Carmo do Cajuru alegou que a cadeia da cidade não apresentava condições de manter o padre sob custódia. Já em Carmo da Mata, os moradores fizeram manifestações a favor do sacerdote. Alguns organizaram vigílias e levavam comida ao padre na prisão.

A Polícia Civil iniciou as investigações contra o sacerdote quando recebeu uma denúncia anônima de que ele se hospedava com freqüência em hotéis fazenda da região Centro-Oeste, com adolescentes. Em uma das fichas reveladas pela polícia, Cléber se passava por professor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O que dizer sobre o caso padre Cléber?

Bem, como todos sabem, o padre de Carmo da Mata Cléber Domingos Gonçalves foi preso dia 29 de maio por suspeita de pedofilia. Não tinha colocado nada antes aqui porque o caso é complicado e tem novidades a todo momento. Não tenho condições de apurar e acrescentar informações novas e relevantes daqui de Belo Horizonte.

(A foto acima é do jornal Tribuna do Carmo, tirada do quarto improvisado na delegacia de Carmo da Mata, onde padre Cléber ficou durante alguns dias até de ser tranferido para a cadeia local dia 26 de junho. Fonte: http://www.tribunadocarmo.com.br)./
De longe, o que posso dizer é que a imprensa mineira tem acompanhado bem o caso, não entrando nos méritos da briga política que a prisão do padre criou na cidade (também não vou detalha-la aqui, pois não possuo detalhes). Da minha parte, como estagiário do jornal Estado de Minas, sempre que soube de novidades do caso passei-as para a chefia, editores e repórteres responsáveis.

Tal como disse o jornal Tribuna do Carmo em editorial, a minha intenção também não é de defender ou acusar o padre. Não cabe a mim dizer se ele tem ou não "culpa no cartório". O caso tornou-se público e se espalhou graças às informações divulgadas pela Polícia Civil de Carmo da Mata e do Estado. O detalhe é que casos de pedofilia são de grande comoção e, conseqüentemente, vendem muito jornal.

Agora é aguardar para saber se os indícios são ou não o bastante para incriminar padre Cléber.

Uma pena é que a tradicional festa de Nossa Senhora do Carmo, em julho, ficará prejudicada por causa de tudo o que houve... Não haverá a tradicional barraquinha. Este ano os organizadores não estão conseguindo a arrecadação suficiente de donativos para a festa porque a população está meio arredia. Uma mancha na história da cidade.

E os moradores continuam divididos. Muitos acreditam na inocência de padre Cléber e outros que ele tem sim envolvimento com crianças. No Orkut, numa enquete que criei, a divisão nas opiniões é notada. De 29 votos, até o dia 27 de junho, 16 acreditavam que o padre "pecou feio". Outras 13 pessoas que ele é "um verdadeiro santo". Veja:



Desciclopédia - pra rir e acrescentar

O Desciclopédia é uma "enciclopédia livre de conteúdo e qualquer um pode editar". Os textos são hilários, verdadeiras paródias sobre determinados lugares, pessoas e coisas. E Carmo da Mata já está lá! Alguém já criou um divertida descrição da cidade e postou. Mas, como o conteúdo é livre, é só ir lá, alterar e acrescentar: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Carmo_da_Mata

Deixo aqui também o que já se contra lá:


Carmo da Mata
Origem: Desciclopédia, a idiotice livre.

Carmo da Mata uma mísera cidade que nem tem no Mapa mais possui praticamente 1500 habitantes. Essa pequena cidade guarda a maior aglomeração de "peças raras" do planeta, podendo contar em seu elenco com os conhecidos mundialmente Vieira, o Louco; Valério, o Bêbado e por urtimo mas não menos importante Zézinho do Algodão Doce, simplesmente um dos caras mais ricos do mundo.

Vista geral da cidade. A seta vermelha indica a entrada de uma das muitas galerias subterrãnias. A área de verde são os Campos de pesquisa, onde foram encontrados indícios estraterrestres e mutantes

Conhecida mundialmente como a cidade das essências (CCC, gambá entre outras fragrancias)um lugar de intensa pesquisa na area tecnológia, contando com varios núcleos de desenvolvimento de redes complexas para Nasa. A sua real população se encontra no subterrâneo onde conta-se aproximadamente 120.000.000 pessoas, dentre elas refugiados do Iraque, cobaias humanas e loucos. Algumas dessas criaturas acabam 'inevitavelmente' escapando e sobem a superficie por isso nascem todas essas espécimes.

Caldeiras do Neneco
Conhecido mundialmente como lugar de grande pavor, conhecido por muitos e temida por muitos mais! Esse lugar assombra sonhos do muitos jovens do lugarejo. Regida por espíritos malévolos e influentes mantêm milhares de almas atormentadas em busca de um lugar melhor na multidão. Num antigo livro está escrito: Lá onde o mal se esconde existe milhares de almas acorrentadas, ao redor das caldeiras escaldantes homens, homens e mais homens batalham noite e dia, dia e noite sem parar...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Sônia confirmada no Caldeirão

A faxineira Sônia está de malas prontas para o Rio de Janeiro. Micael Lima, empresário do mais novo fenômeno do YouTube, confirmou ao Blog DiCarmo que Amiga gravará o Caldeirão do Hulk nos estúdios do Projac, na Rede Globo, próximo dia 28. Ela deve participar do quadro Dando Crédito, atração do último bloco do programa. Provavelmente o Caldeirão com Sônia deve ir ao ar no final de semana seguinte, dia 2 de junho.

No quadro Dando Crédito, o participante tem que agradar a direção do programa para que os créditos finais não subam na tela e a atração termine. Sônia prepara-se para cantar sua versão de “My heart will go on”, canção-trilha do filme Titanic (1997). Quer uma palhinha? Veja.

Depois de muita badalação nos dias seguintes à postagem do vídeo “Fala Sonia” no YouTube, Micael disse ao Blog DiCarmo que a euforia diminuiu um pouco. Mesmo assim, se forem contadas as diversas duplicações do vídeo, a gravação já está batendo na casa dos três milhões de exibições.

O último ato dessa história é o vídeo onde Sônia “fala” o endereço e o slogan do Kibe Loco, site que a ajudou na projeção mundial e é parceiro do Caldeirão do Hulk. Veja. O fenômeno Sônia também virou atração em reportagens de vários jornais e sites nacionais e internacionais. Confira em seu site oficial.

O certo é que Sônia já começa a colher os benefícios. Além de faturar com sua loja virtual
oferecida pela empresa onde trabalha, a Omni Internacionl, e que já registrou 60 mil visitas, ao participar de programas de TV, ela acaba faturando com cachês. O empresário de Sônia ainda não negociou o valor com a Globo. Contudo, o benefício pode ser sua própria aparição na TV. O Caldeirão do Hulk tem média de 25 milhões de espectadores, o que pode alavancar as vendas em sua loja virtual.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Lost na roça

Apesar de quase duas semanas do acontecido, não posso deixar de registrar uma das versões mais modernas e reais do seriado Lost, o sucesso da televisão norte-americana que conta a trajetória de sobreviventes da queda de um avião numa ilha. Na madrugada do feriado do Dia do Trabalho, 1º de maio, eu e mais ou menos cinqüenta pessoas ficamos atolados junto ao ônibus que nos levava de volta da fazenda do Nelson Borges, no povoado dos Campos, para a cidade. Foram cerca de seis horas mal (ou bem) acomodados dentro do veículo. Entre piadas e lamas, vou tentar descrever alguns casos aqui, já que não estava “a trabalho”, prevenido para fazer anotações ou fotos.

Já na chegada à fazenda, no início da noite anterior, com um pouco de sorte, passamos pelo brejo que, mais tarde, seria o grande vilão da história. Era dia de festa, dia de comemorar o aniversário de Nelson Borges Neto, 20 anos.

Sem entrar nos “causos” ocorridos na festa, vamos ao atoleiro. Eram mais ou menos 2h quando ficamos presos. Em meio aos tradicionais palavrões, o jeito era tentar empurar. Alguns homens (metido a heróis) foram tentar o que não tinha jeito. Salto: barro por toda a roupa e 0 cm de deslocamento.

Daí por diante foi uma sucessão de trabalhadas em meio à diversas sugestões de resgate. Só lembrando que lá não pegava celular e estávamos a cerca de 16 km da cidade. Nunca havia consenso: ir a pé pra cidade, procurar ajuda na fazenda ou ficar dormindo no ônibus.

E o mais engraçado era o sobe e desce do ônibus pela janela (a porta ficou emperrada por causa do barro). Teve gente que penou para pular ou voltar por ônibus e. Ao final, quase todo mundo de volta – apenas uma turma seguiu a pé mesmo em direção a fazenda do Senílio (a lua cheia deu uma mãozinha).

Eu não sou muito bom de memória, mas algumas pérolas são marcantes (tem umas que não dá pra citar aqui):


“Quem ficar nesse ônibus é burro, esse ônibus vai tombar”, dizia Bernardo do lado de fora. Minutos depois, ele estava lá dentro, dormindo ao lado da namorada.

“Oh Ikki, não preocupa não, isso é só um sonho. Pede alguém pra te beliscar aí”, dizia a turma do fundo do ônibus. O contexto, só quem estava lá vai saber.


“Oooh, nunca caí galôoo”, cantava a turma cruzeirense, que, em maior número, simplesmente havia se esquecido da goleada atleticana: 4 a 0 no domingo.

O resgate, chegou ao poucos. Quem foi na frente conseguiu contato pelo celular e pediu a parentes que os buscassem. Ao amanhecer, lá pelas 6h, teve gente que não agüentou e seguiu a pé. Pouco a pouco, com a notícia do atoleiro chegando na cidade, pais vieram buscar seus filhos. Destaque para o Bira, que ao retornar à cidade, teve problemas no câmbio do carro, que estragou na quinta marcha. Quem estava com ele terminou opercusso a pé mesmo.

O ônibus só foi desatolado por volta das 8h30 pelo trator do Nelsinho.

Meu relato é esse. Quem tiver boas histórias aí, coloque no comente.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Governo Milton Neto divide opiniões no Orkut

Uma enquete postada por mim na comunidade de Carmo da Mata do site de relacionamentos Orkut, há cerca de um mês, pediu a participação popular sobre a avaliação do governo Milton Neto, que neste dia 1º de maio completou 28 meses. A opinião está dividida. 14 pessoas acham a atual administração boa, 14 regular e 13 ruim, num total e 41 votos.

A enquete não tem qualquer valor científico e é aberta à participação de qualquer internauta que navegue pelo Orkut. A enquete é a mais nova ferramenta do site de relacionamentos.
A consulta popular continua. Opine no Orkut!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Fala Amiga!!

Simples brincadeira com uma câmera de vídeo transformou a carmense Sônia no mais novo fenômeno de popularidade da internet

Antes de tudo, veja:



A Amiga de Carmo da Mata, agora, é a mais nova e popular amiga do mundo. Tudo isso por causa de um vídeo de um minuto e vinte segundos postado no YouTube há cerca de um mês e meio. A faxineira Maria Sônia de Souza, de 50 anos, conhecida pelos carmenses pelo apelido de Amiga, se tornou a mais nova sensação do maior site de compartilhamento de vídeos da internet, o que tem despertado o interesse de vários canais de TV e a transformado numa verdadeira celebridade.

Tudo começou na cidade paulista de Indaiatuba, para onde Sônia se mudou no ano passado. Em um vídeo gravado pelo colega de trabalho, o estudante de veterinária Micael Lima (na foto com Sônia), de 19 anos, Amiga provocou uma avalanche de risadas nos quatro cantos do planeta ao pronunciar, ao seu modo, o endereço eletrônico do YouTube: http://www.youtube.com/. Ela se enrola toda ao dizer palavras em inglês.

Nas duas últimas semanas, somando as diversas cópias feitas pelo vídeo, o “Fala Sonia”, nome dado ao arquivo, já atingiu mais de um milhão de acessos. A fama repentina já a levou ao programa Bom Dia Mulher, da RedeTV, onde ela foi entrevistada pela apresentadora Olga Bongiovani, na última sexta-feira.

Sônia é aquela pessoa espalhafatosa, simples, humilde, com pouco estudo, mas sempre de alto-astral. O jeito natural a coloca, às vezes, em situações constrangedoras, mas ela nem sabe dos “vacilos” que dá. “Meu sonho é continuar trabalhando para ajudar a família. Graças a Deus está tudo dando certo”, ressalta.

A faxineira é natural de Caratinga, no Leste do Estado. Ainda bebê, mudou-se para Belo Horizonte, onde se casou e teve seis filhos. Na capital, morou a maior parte do tempo na região do Bairro Gameleira. Em 1983, mudou-se com o marido e os filhos para Carmo da Mata. O esposo José Manoel da Costa, o conhecido Badá, que fazia concertos de sofás e eletrodomésticos, faleceu, vítima do Mal de Alzheimer, em julho de 2003.

Sônia conheceu o atual companheiro, o zelador Célio Marcos Teixeira, de 63 anos, em Carmo da Mata durante um casamento em dezembro de 2005. Célio, viúvo e pai de quatro filhos, também morou boa parte da vida em Carmo da Mata. Conhecido na cidade como Alegria, Célio vivia em Indaiatuba já há alguns anos, cidade paulista onde moram muitos carmenses. Depois de algumas idas a Minas, Célio resolveu levá-la para morar definitivamente com ele, em São Paulo, em outubro do ano passado. “Ele me viu no casamento e disse: que morena ajeitada!”, brinca Sônia.Sem nem imaginar que o vídeo atingiria tantos acessos, Sônia precisa agora se preocupar com o futuro.

Populares já começam a reconhecê-la pela rua e a produção do programa Caldeirão do Hulk, da Rede Globo, discute com Micael Lima, que virou empresário de Sônia, o direito de exibir novos vídeos de Sônia na TV. Amiga também já concedeu entrevista ao jornal Folha OnLine e ao Jornal Correio Popular, de Campinas. Outros programas de TV também querem a participação de Sônia: Pânico na TV e Superpop, da RedeTV, Domingo Legal, do SBT, e Domingão do Faustão, da Rede Globo. Todos já fizeram o primeiro contato com o empresário de Sônia.

Em entrevista ao Blog DiCarmo, Sônia mandou um recado: “Um abraço para o povo aí, estou morrendo de saudade e fala para o povo acessar”. Amiga disse que vai tentar conseguir uma folga de três dias em julho para poder visitar os quatro filho que moram na cidade, além de matar a saudade das amigas carmenses.

Veja também:

Aguarde mais novidade do fenômeno Sônia aqui no Blog DiCarmo!

sábado, 31 de março de 2007

A liberdade fica ao alcance dos olhos

Cadeia de Carmo da Mata permite o contato direto entre presos e pessoas que passam pela rua


Um visitante que chega pela primeira vez a Carmo da Mata, localizada na Região Centro-Oeste de Minas, e passa pela praça Governador Valadares, dificilmente perceberá que uma pequena casa azul, com uma porta lateral e duas janelas voltadas para a rua, abriga a cadeia pública. Ali encontram-se presos que cometeram crimes no município e que conseguem manter um contato direto com pedestres, vizinhos e, principalmente, familiares, o que não seria possível em uma penitenciária. Segundo os detentos, esse contato com o mundo fora das grades é que ajuda na espera pelo passar do tempo.

Preso por furto, há três meses, Rômulo da Silva Paixão, 19 anos, acredita que já teria terminado o seu namorado, se não fosse possível ver a namorada diariamente pelas janelas da cadeia. “Do jeito que é aqui, ajuda a passar o tempo. A minha namorada está sempre preocupada e vem me ver”, revela o detento, que aguarda julgamento.

O encontro diário entre Rômulo e a namora é separado por uma distância de cerca de três metros, espaço entre a cela no fundo do prédio, onde o detento se encontra, e a janela que dá para rua. Para a garota, de 16 anos, a distância é suficiente para uma conversa e para visualizar bem o namorado lá dentro. Do lado de fora, ela só precisa se equilibrar um pouco nas pontas dos pés para conversar melhor com o namorado porque o piso da cadeia fica um pouco acima do nível da rua.

Para a garota, a facilidade de comunicação se tornou fundamental para a manutenção do namoro, que já dura dez meses. Em três deles, com o namorado preso. “Dá para ver ele de fora todo dia. Não é sempre que tem visita. Acho difícil sustentar o namoro se eu visse ele só uma vez por semana”, revela a namorada, cuja identidade é preservada.

O contato mais próximo é possível nos dias de visita, sempre as segundas e sextas-feiras, de 13h30 às 17h, quando Ana Paula tem a permissão de entrar na cadeia e ficar bem próxima à cela. Por causa do crime recente, Rômulo, que divide o espaço com mais dois detentos, ainda não tem a permissão de ficar na zona livre, a área que permite o contato direito com o preso pela rua.

Já Ricardo Sidney Pereira (foto), que cumpriu um sexto da pena por homicídio, depois de passar três anos e oito meses na cela, teve a pena abrandada e passou para o regime semi-aberto. Há quatro meses, ele foi autorizado a deixar a cadeia durante o dia para trabalhar e ganhou a permissão de utilizar a zona livre.

A mãe de Ricardo, a dona de casa Alfredina Rubeira dos Santos Pereira, nem sempre consegue ver o filho durante o dia, no período que o filho deixa a cadeia para trabalhar. Por isso, ela costuma ir à cadeia no início da noite.“Tem dia que não teve como ver ele, por isso, dei uma passadinha aqui. A gente vem ver porque coração de mãe sofre muito”, justifica Alfradina.

Ricardo considera o local da prisão privilegiado e detestaria se fosse obrigado a cumpria a pena em uma outra cidade. “Eu diria que é menos ruim. Ficar perto da família, mesmo separado pela grade, é bem melhor do que não conseguir vê-los sempre”, observa.

O encontro, às vezes, serve para mãe e filho colocarem as tarefas de casa em dia. “Comprou o açúcar que eu te falei”, perguntou a mãe. “Não, amanhã pode deixar que eu passo lá”, responde.

Agente de polícia é carcereiro improvisado

O agente da Polícia Civil Ademir Vitorino dos Santos (foto) cuida da cadeia de Carmo da Mata há 20 anos. Apesar desse cuidado com os presos da cidade, ele não se considera um carcereiro, por não ter a função oficialmente reconhecida.

Os presos não são de responsabilidade da Polícia Civil, mas sim da Secretaria de Assuntos Penitenciários da Defesa Social do Estado. Como a cidade não tem representantes da Secretaria, Ademir assumiu a função.Contudo, ele faz questão de tratar bem os detento que ele os classifica como “de casa”. “Você acostuma. Eles são praticamente da família. É tudo muito tranqüilo. São as famosas galinhas de terreiro, vão e voltam”, brinca.

Ademir vai, no mínimo, quatro vezes ao dia na cadeia. Pela manhã, para receber o café e o liberar os presos para o trabalho, na hora do almoço, no fim da tarde para recolher os detentos e à noite, no horário do jantar.

Ele está presente também nos dias de visita para observar a conduta dos parentes junto aos presos. É um trabalho que requer 24 horas por dia”, afirma. Nesse tempo à frente da cadeia, Ademir já conviveu com oito fugas, a maioria delas com os presos escapando após perfurar a parede.

Ele sente não poder atender ao pedidos dos presos que reivindicam, principalmente, banho de sol. Segundo os presos, esse é o principal motivo de gripe entre eles. Ademir diz que acompanharia com prazer se os banhos de sol dos detentos fossem permitidos. “Mas é muita responsabilidade, qualquer coisa que acontecer sobra pra mim”, observa.

A alimentação é outra reclamação, um pedido que também fica longe do seu alcance, já que o serviço é terceirizado. Um restaurante da cidade ganhou licitação para entregar a comida diária na cadeia.

Como se a cadeia fosse a própria casa, o agente da Polícia Civil gosta de apresentar as melhorias ao longo dos anos. As duas celas possuem chuveiros quentes. Além disso, todos têm acesso à televisão e rádio, equipamentos que são levados pelos próprios detentos.

Mas não há previsão de ampliação, reforma ou construção de uma nova cadeia na cidade. A última modificação no prédio aconteceu em 2001, quando possibilitou a criação da área livre. As janelas da rua receberam grades com espaçamento de 4 cm (antes era de 15 cm) e a porta de entrada ganhou reforço com cadeados.

Contudo, a construção de uma nova cadeia sempre está na pauta de discussão entre autoridades do município que ficam num dilema: construir uma casa de detenção maior para abrigar melhor os presos, o que pode causar a transferência de presos perigosos, ou deixar a cadeia como está.

Vizinhos não se incomodam
A cadeia, construída na década de 20, faz parte da rotina dos moradores da cidade, principalmente dos vizinhos. O local serve até como ponto de referência. A Rua Amâncio Friaça, que nasce em frente a praça Governador Valadares, é mais conhecida como a “Rua da Cadeia” do que pelo nome original.

Vizinha de frente da cadeia, a aposentada Zilda Costa de Oliveira, diz que não se preocupa com a segurança de sua casa porque não vê perigo nos detentos. “Eu não tenho medo porque os presos são todos de Carmo da Mata, que a gente conhece as famílias”, comenta.

Já a também aposentada Guilhermina Limberti, a conhecida Minduca (foto), outra vizinha, prefere ficar “de olho” e deixar a casa sempre fechada. Não satisfeita, ela faz questão de procurar informações quando um novo preso vai para o local. “A gente deve ficar sempre observando”, ensina.

Apesar da desconfiança, ela admite que acaba “se soltando” na relação com os detentos. Minduca não gosta de ver sujeita na porta da cadeia e, vez ou outra, varre a frente da casa. Além disso, a aposentada aceitou que um dos detentos, que trabalha durante o dia, deixe a bicicleta na varanda de sua casa para evitar, ironicamente, que o veículo seja roubado.

Muito religiosa, Minduca sempre pede a Deus que ajude os presos. “A gente não pode ter dó, por causa do crime que cometeram. A gente reza para eles agüentarem ficar preso lá”, disse. A retribuição, ela diz, basta com os cumprimentos pela manhã. “Ei, tia Minduca, bom dia”, dizem os presos.

A presidente do Conselho Comunitário da cidade, Maria Lúcia Ribeiro Teodoro (foto), é outra amiga que os presos têm. Por determinação do juiz da comarca, ela vai à cadeia nos horários de visita para levar frutas para o detentos, mas também costuma atender a outros pedidos.

“Tudo que eles pedem, eu trago”, revela, mediante autorização do agente de polícia Ademir Vitorino. Os últimos pedidos foram uma presilha para montar um colar e uma bucha para tomar banho, que ela promete levar na próxima visita. Maria Lúcia também se reúne com os presos para rezar.

Polícia admite a insegurança

A delegada da cidade, Adriene Lopes de Oliveira Nunes, considera que a proximidade da cadeia com a rua pode acarretar problemas, já que, apesar de proibido, é difícil evitar que comida, objetos e até drogas sejam passados para o preso pelas janelas. Mas, por outro lado, ela garante que os presos não são perigosos e têm bom comportamento. “Se são perigosos, a gente não deixa aqui. Eles são presos disciplinados. Fugir dali é muito fácil. As paredes são de meio-tijolo. Estão ali numa boa, querem cumprir a pena”, garante.

A Polícia Militar de Carmo da Mata tenta coibir a prática dos contatos com os presos com rondas no local. “A gente sempre passa por lá para as pessoas não se aproximarem e não conversarem com os presos. Costumamos parar a viatura por cerca de meia hora todo dia”, explica o comandante do destacamento da PM, sargento Anderson José da Silva. Mas, ele reafirma que os militares não tem a função de vigia da cadeia.

Adriene, há um ano e oito meses como delegada, faz questão de explicar que não é responsabilidade da Polícia Civil do município tomar conta dos presos. “Os presos não são de responsabilidade da polícia, e sim da Secretaria de Assuntos Penitenciários da Defesa Social do Estado. Eles é que deveriam cuidar dos presos. É um abacaxi que sobrou para gente”, ressalta. A penitenciária mais próxima de Carmo da Mata é o Presídio Floramar, em Divinópolis.

Segundo a delegada, a cadeia tem capacidade para oito presos. Hoje, são sete os detidos: três na cela e quatro com permissão para ficar na área livre pois cumprem regime semi-aberto. Apesar da falta de segurança, a última fuga registrada em outubro de 2005. Na ocasião, apenas o preso, que furou um buraco na parede com um pedaço de madeira, acabou fugindo. O outro preso, que estava na cadeia, preferiu não fugir*.

(Matéria originalmente publicada no Hoje em Dia, de 08/01/2007, em convênio firmado entre o jornal e a PUC Minas. Produção para a disciplina Edição Jornalística, 2º semestre de 2006, do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo. Autores: Gabriel Senna, Sidney Gomes e Thiago Nogueira)
___________________________________________________________________
* No exato dia que a matéria foi publicada no jornal Hoje em Dia, na madrugada de 08/01/2007, o detento Nilton Gomes, 28 anos, natural de Betim, preso por duplo-homicídio, fugiu da cadeia de Carmo da Mata ao abrir um buraco na parede com uma colher de plástico. Ele não foi recapturado.