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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Guerra política: Milton e Lafaiete se enfrentam pelo rádio

Prefeito e vice, eleitos com 27,86% dos votos válidos, se desentenderam logo no início mandato e agora, a pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, trocam, publicamente, acusações graves

A prisão de padre Cléber Domingos Gonçalves mexeu com os nervos carmenses, e mais um embate político está em pauta em Carmo da Mata. Em meio a comentários irônicos, o vice-prefeito Lafaiete Ribeiro de Rezende disparou contra o prefeito Milton Neto acusações graves e polêmicas. Ele discursou na rádio comunitária Radical FM, na sexta-feira, dia 13 de julho, dias antes da festa de Nossa Senhora do Carmo, comemorada no dia 16. As palavras de Lafaiete criaram alvoroço na cidade. Ele ganhou direito de resposta na rádio depois que o prefeito Milton Neto o chamou de oportunista no caso que envolve a prisão de padre Cléber. O pronunciamento do prefeito aconteceu três semanas antes, no programa de rádio semanal da prefeitura.

Desentendimentos políticos fizeram Lafaiete deixar o governo logo depois de tomar posse, no início de 2005. E só agora ele volta a utilizar-se dos microfones para falar em público. Milton Neto estava em Brasília, no dia do pronunciamento, e só ouviu a gravação dias depois.

Logo que soube da prisão do padre, o vice-prefeito tomou providências para a contratação de um advogado que defendesse o sacerdote. Daí por diante, um cenário, não oficialmente declarado, colocou Lafaiete e padre Cléber – apontado pela população como um bom administrador – de um lado e o prefeito Milton Neto do outro, acirrando, de vez, um quadro bipolar que deve ser formado para as eleições de 2008.

Após o pronunciamento do vice-prefeito, o Blog DiCarmo procurou insistentemente o prefeito Milton Neto para dar a ele o direito de se defender das acusações de Lafaiete. Durante esse tempo, o blog negociou a gravação de uma entrevista, através de seus assessores, mas não obteve sucesso. O Blog DiCarmo fez também o pedido de uma nota oficial do prefeito sobre o caso, mas até a publicação deste, o prefeito e seus assessores não haviam respondido.

Só no programa semanal da prefeitura, na rádio Radical FM, uma semana depois, sexta-feira, dia 20, em sua única manifestação pública depois do fato, o prefeito falou sobre o caso. Ele não entrou muito na polêmica e preferiu apresentar um relatório com obras prontas e em andamento. Nas duas semanas seguintes, dia 27, e nesta sexta-feira, dia 3 de agosto, o prefeito não compareceu à rádio para participar do programa.

Faltando pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, o Blog DiCarmo antecipa o debate político, dando chance para que não ouviu o pronunciamento de Lafaiete, também refletir sobre ele. Abaixo, você acompanha as declarações e os principais assuntos abordados pelo vice-prefeito no dia 13. Acompanhe também o comentário do prefeito Milton Neto, feito no programa de rádio do dia 20, sobre algumas das acusações de Lafaiete.

Caso Padre Cléber

O vice-prefeito Lafaiete, definitivamente, não concorda com o termo “oportunismo”, empregado pelo prefeito Milton Neto. Lafaiete se defendeu dizendo que Padre Cléber era um amigo da família e que faria isso por qualquer um que precisasse da ajuda. Ele diz ter tomado providências, primeiro, contratando um advogado, e, depois, indo à cadeia de Carmo do Cajuru, onde o padre foi levado, para que o sacerdote recebesse um tratamento digno.

“Ele se sentia tão bem no anseio de nossa família. (...) Estávamos tendo-o como sendo de dentro de nossa casa e, por que não dizer quase a ocupar o lugar de um filho.” (Lafaiete)

“Senhor prefeito, não posso chamar isso de oportunismo, e nem o senhor pode me taxar de tal forma. E sim, de oportunidade, oportunidade de fazer o bem sem olhar a quem.” (Lafaiete)

Eleições 2004

Lafaiete garantiu que Milton Neto não venceria as eleições para prefeito se a chapa não fosse formada pelos dois. O vice-prefeito contra-atacou as acusações de oportunismo e mostrou claro arrependimento com a aliança formada em 2004, duvidando, hoje, da dignidade do antigo companheiro.

“(...) oportunidade que tive de lhe ajudar, senhor prefeito, e a usei quando emprestei meu nome para que galgasse ao posto de prefeito desta cidade. Fato que não aconteceria caso meu nome não fosse empenhado a seu favor, na condição de vice-prefeito contigo, como bem sabe, senhor prefeito.” (Lafaiete)

“Eu que era cotado para esse cargo. Todavia, não mais interessado em práticas políticas naquela época, mas em ajudar a comunidade, empenhei meu nome na condição de vice, fazendo alocar seu nome na chapa na condição de prefeito, pensando estar, dessa forma, ajudando a comunidade, já que, enganadamente, julgava tratar-se de pessoa digna. Era o que a principio pensava. Engano meu, pois perdi a oportunidade de não deixar, aí sim, um verdadeiro oportunista entrar no poder.” (Lafaiete)

“Oportunista, senhor prefeito, é você mesmo, que se aproveitou de meu dinheiro e de meu prestigio junto aos meus eleitores, para se eleger prefeito de Carmo da Mata. Sem a minha ajuda, você não seria o prefeito desta terra.” (Lafaiete)

Não prestação de contas de campanha

Lafaiete fez graves acusações, afirmando ter doado R$ 80 mil reais para a campanha à prefeito que não constaram na prestação à Justiça Eleitoral. O vice-prefeito diz que tem cópia dos cheques e recibos, e que a doação consta em sua declaração de Imposto de Renda.

“Te ajudei com um bom dinheiro na campanha, sem querer ou pedir nada em troca. Dinheiro, diga-se, que vossa excelência não declarou à Justiça Eleitoral em sua prestação de contas. E olha que foram quase R$ 80 mil. Vale lembrar que o inquérito quanto a esses desvios de dinheiro de campanha já foi findado pela Polícia Federal, da qual o senhor foi convidado a comparecer lá por três ou quatro vezes e foi remetido à Promotoria Especializada de Crimes Praticados por Prefeitos, na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. O dinheiro que lhe entreguei foram devidamente registrados em recibos.” (Lafaiete)

Acusações veladas de alcoolismo

Utilizando-se de ironias, Lafaiete alfinetou o prefeito, insinuando o possível uso exagerado de bebidas alcoólicas por parte do prefeito e de outras práticas imorais.

“Jamais passei noites embriagado e na orgia, não tenho vício do jogo de cartas, não sou alcoólatra. As minhas horas de lazer eu as tenho lendo um bom livro, ouvindo uma boa música ou então apreciando a natureza. Não faço uso de bebidas alcoólicas para permanecer desinibido perante o povo da minha terra.” (Lafaiete)

Escolaridade

Lafaiete foi debochado ao comparar seu nível de instrução com o do prefeito e nem um pouco humilde para falar de si mesmo.

“A minha profissão é a medicina. (...) Que inveja hein, senhor prefeito. Está aí a diferença entre nós. É muito grande, é muito grande mesmo (risos).” (Lafaiete)

“Quem nunca ouvi falar no doutor Lafaiete. O meu conhecimento vai além da fronteiras brasileiras.” (Lafaiete)


Antes mesmo de abrir seu discurso, Lafaiete fez questão de ler seu currículo, onde constam diversos cursos de medicina no exterior. Lafaiete ridicularizou Milton Neto que teria dito “parôco” e não pároco, como é o certo, no programa de rádio que gerou toda a polêmica. Só que Lafaiete provou do próprio veneno ao pronunciar, durante o discurso, a palavra “beneficiente”, ao invés de beneficente, a grafia correta.

Lafaiete usou-se de outra declaração do prefeito para criticá-lo. No programa de rádio, Milton disse que o posto de saúde recém-inaugurado era um mini-hospital. O vice-prefeito, novamente, menosprezou a capacidade intelectual do agora adversário político.

Esse foi um dos temas que Milton Neto resolveu responder em seu programa, na semana seguinte. Para o prefeito, seu trabalho diário vale mais que qualquer diploma.

“O meu currículo, o currículo da minha família, o diploma da minha família é a política, o trabalho, a honestidade. Eu não preciso e nem quero ter cursos, ter diplomas no exterior. Meu avô nunca teve, meu pai nunca teve e eu também não quero ter. O que eu quero tentar é continuar o trabalho da minha família.” (Milton Neto)

Saúde

O grande ponto de discórdia entre Milton e Lafaiete está na área de saúde, um dos principais motivos para o fim da parceria entre os dois. Milton sempre disse em campanha que seu secretário de saúde seria o médico Lafaiete. Mas logo que tomou posse, o prefeito nomeou o servidor público Alberto Nunes de Mendonça, o Tinho.

Em seu pronunciamento, Lafaiete quis mostrar a ingratidão por parte do prefeito e ainda fez acusações graves de cerceamento de informações públicas na área de saúde. O vice-prefeito solicitou dados sobre o sistema de saúde do município, mas a prefeitura não lhe repassou.

Salários

Pelo fato de estar fora do governo, Lafaiete foi acusado pelo opositor de receber o salário de vice-prefeito sem nada fazer. Diante da situação, Lafaiete fez uma proposta pública ao prefeito de ambos irem a um cartório da cidade para lavrar um termo e doarem, mensalmente, os salários de prefeito e vice para entidades carentes de Carmo da Mata.

Obras e festas

No discurso, Lafaiete também criticou uma das obras recentemente inauguradas pela prefeitura, ressaltado que a festa de inauguração teve valor maior que a próprio trecho de calçamento de rua em questão. Neste caso, no programa de rádio, Milton rebateu, apresentado números do empreendimento, que calçou cinco ruas no bairro Alto dos Pinheiros e outras duas ruas em outros pontos da cidade.

“Lembro-me que, recentemente, fez um grande alarde na cidade, para a inauguração de 200 metros de calçamento de pedras. Comenta-se na cidade que o preço da festa poderia ser maior que os gastos das obras. É isso que eu chamo de oportunismo e falta de religiosidade, valendo-se de politicagens baratas para elevar seu nome na cidade, como se os cidadãos dessa cidade não percebesse suas manobras eleitoreiras.” (Lafaiete)

“O valor dessa obra foi de R$ 128 mil, verba do deputado federal Jaime Martins, que esteve na inauguração. Eu quero deixar claro que não foram 200 metros. A obra foi no total de 5.480 metros de pavimentos. (...). E para quem quiser ir lá, medir, pode ir lá. As ruas estão todas calçadas. É uma obra que eu fiz questão de fazer uma grande inauguração como eu fiz no asfalto da Cohab Nova, como eu fiz no posto de saúde no bairro da Várzea. (...) Toda obra minha desse porte será inaugurada sim, com grandes eventos, com shows sim, com fogos sim, porque a população desses bairros fica satisfeita. São obras esperadas há muitos anos.” (Milton Neto)

No programa de rádio, onde são prestadas contas da administração pública, Milton Neto relatou o andamento de obras e a licitação de novos empreendimentos. São eles: um salão comunitário de 205 metros quadrados no povoado do Quilombo, orçado em R$ 60 mil, reforma e cobertura da quadra da Escola Municipal Nephtaly Gonzaga de Mello, no bairro da Várzea, no valor de R$ 118 mil, pavimentação asfáltica no bairro Colorado, que custará R$ 154 mil e a seqüência das obras de construção do parque de exposições.

“Quem não gosta de obra, quem não gosta de festa, quem não gosta de fogos, já prepare, possivelmente, para nem estar na cidade. A inauguração do parque de exposições será um evento fantástico (...) Vamos inaugurar o parque de exposições ainda no meu mandato.” (Milton Neto)

O prefeito anunciou outras duas obras significativas para a cidade. A reforma da Praça Presidente Vargas, que ganhará um coreto com banheiros embaixo, fonte luminosa, jardinagem, postes e bancos novos, estacionamento 45 graus e uma praça de alimentação no lugar dos trailers de sanduíche. A obra será licitada no valor de R$ 170 mil. A outra verba garantida pelo prefeito é de R$ 500 mil, empenhada pelo deputado federal Jaime Martins para asfaltar a cidade. O prefeito disse que, a princípio, não seria para asfaltar o centro da cidade, mas apenas bairros.

“A nossa agenda de inauguração deste ano é de inaugurar uma obra por mês.” (Milton Neto)

“Espero estar cumprindo, espero estar dando o retorno à população. Espero que a população esteja satisfeita. Dentro do possível eu estou lutando muito por Carmo da Mata. (...). Estou fazendo o meu máximo.” (Milton Neto)

10 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Simplesmente Dani disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago Nogueira disse...

Comentários ofensivos não serão permitidos!

Anônimo disse...

Será que as autoridades como MP e a Policia não vão apurar as denuncias mutuas não. Pois a acusaçoes de parte a parte que merecem uma apuração porque não uma CPI

Anônimo disse...

Achei uma boa idéia. No Brasil política de acusaçoes levianas entre os candidatos tem de parar

Anônimo disse...

FRASE
“Concedei-nos Senhor, serenidade necessária para aceitaras coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para distinguirmos umas das outras” Oração de são Francisco

Anônimo disse...

A cidade melhorou muito desde que Milton Salles Neto assumiu como prefeito. Tenho certeza que ele está fazendo o seu máximo... tem uma bagagem política que vem desde seu avô e vai seguir os mesmos passos com muita sabedoria, dignidade, honestidade e Deus em seu caminho, porque sem ele nada somos.

Anônimo disse...

Senhor, tira de mim a ignorância de achar que o problema está no governo sendo que todos somos falhos. Ensina-me a confiar em Ti a ponto de ser por Ti governado.”

Anônimo disse...

Parabéns Thiago, ter notícias de nossa terra é sempre bom.
A população cresceu um pouquinho, seria bom que crescesse também em outras esferas.

Thiago Nogueira disse...

Hehe. Tem razão!

:::APELO:::
Só um pedido, gente. IDENTIFIQUEM-SE SEMPRE QUE COMENTAR. Quem não deve, não teme, ora. Os comentários foram matidos até aqui porque não são ofensivos, são apenas opiniões, importantes para um debate democrático.
Sei que em Carmo da Mata, qualquer coisa que se fala é motivo de polêmica e dor de cabeça, mas vamos tentar mudar isso. Tudo pelo bem da cidade!
Valeu!