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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Mestre Calango: de Minas para Massachusetts

Há quase cinco anos morando nos Estados Unidos, Luis Carlos Galvez, o Mestre Calango, 43 anos, importou para a América a mesma filosofia de ensino da capoeira que aprendeu no Brasil. Em busca do sonho americano, ele deixou a terra natal e as aulas de capoeira em Oliveira e Carmo da Mata para alcançar novos objetivos pessoais e profissionais. O capoeirista concedeu entrevista ao Blog DiCarmo (e também aos jornais Tribuna do Carmo, de Carmo da Mata, e O Regional, de Oliveira) pelo MSN (Microsoft Service Network), um programa de bate-papo via internet.

(Fotos de arquivo pessoal)

O professor de capoeira está morando em Lowell, na costa leste dos Estados Unidos. A cidade, de 105 mil habitantes, é a quarta maior do estado de Massachussetts. Durante o dia, ele trabalha em uma companhia de limpeza. À noite, dá aulas de capoeira em academias, se revezando, durante a semana, entre quatro diferentes cidades da região: Lowell, Newton, Brookline, em Massachussetts, e Nashua, no estado de New Hampshire.

O capoeirista foi para os Estado Unidos em setembro de 2002, levado por uma ex-namorada que já vivia lá. Mestre Calango não tem registro legal para permanecer no país, mas aguarda, com esperança, uma mudança nas leis de imigração americana. Ele preferiu não dar detalhes de sua entrada nos Estados Unidos. No estado de Massachussetts, estima-se que vivam cerca de 15 mil brasileiros.

Mestre Calango divide a casa onde mora com mais dois amigos brasileiros, missionários da Igreja Católica. Há nove meses, ele namora Danise Borges, uma paulista de Franca, interior de São Paulo. E as proximidades com o Brasil também se mantém nos hábitos alimentares. O arroz com feijão é comida certa em substituição à “junk food”, alimento com pouco valor nutricional, típico dos americanos. Isso sem contar naquele cafezinho diário, que não pode faltar.

A pescaria é outro costume herdado dos tempos de Brasil. “Eu adoro. Eu ia todo final de semana pescar em Carmo da Mata. E aqui no verão também tem muito lugar para pescar”, conta Mestre Calango, exibindo, no MSN, a foto de uma carpa de 20 quilos que fisgou.

Mesmo morando em Lowell, Mestre Calango não poderia estar tão em casa. Ele apontou várias coincidências entre a cidade americana e Oliveira. Lowell é um município fabril, com muitas fábricas de tecido. A cidade também é cortada por um rio, o Merrmack, do mesmo jeito que o rio Maracanã, em Oliveira. A cidade mineira tem o mais velho jornal em circulação de Minas e a cidade americana também: o Lowell Sun, periódico mais antigo de Massachussets. As coincidências seguem por uma estação de trem desativada, tal como Oliveira, e ainda, um vice-gerente de banco conhecido lá como Frank, que diz ser parente de Carlos Chagas, ilustre oliveirense.

Aulas americanas

O professor de capoeira tem hoje cerca de 40 alunos, das mais diferentes nacionalidades. A filosofia de ensino do esporte, ele fez questão de manter. A começar pelo nome da academia: Capoeira Rosa Rubra, a mesma denominação adotada em Carmo da Mata e Oliveira. A seqüência de atividades nas aulas, com exercícios individuais, prática de movimentos em dupla, aperfeiçoamento da técnica, treinamentos de acrobacia e o jogo de capoeira também são os mesmos.

Ele conta que a capoeira, um esporte que mistura luta, dança, cultura popular, música e brincadeira, tem caído no gosto dos americanos. “A capoeira é uma terapia. Hoje em dia não tem mais correntes que nos prendem. Elas são psicológicas. Os americanos, às vezes, são pessoas muito frias. Praticando a capoeira, elas se tornam alegres, descobrem seus limites, ampliam sua visão de mundo, através do movimento, da música. A capoeira é um elemento de transformação”, ressalta.

Mestre Calango não foi precursor do esporte na região. Por lá, já viviam muitos mestres de capoeira antes de sua chegada. “E tem sempre batizado (quando o aluno recebe uma graduação) pra gente ir”, comenta o professor de capoeira, que costuma fazer apresentações em praça pública para divulgar o esporte brasileiro. “Tenho um aluno que já tem 60 horas de filme para um documentário. Vamos fazer com que a capoeira se difunda muito mais”, adiantou.

Passado

No Brasil, Mestre Calango deu aulas para crianças, jovem e adultos. Em Oliveira, o capoeirista ministrou aulas de 1987 a 2002. Em Carmo da Mata ele ensinou os golpes de capoeira entre 1991 e 2001. Ele faz questão de ressaltar as amizades que vez nas duas cidades, mas não esconde algumas frustrações pessoais e profissionais, que acabaram o influenciando na decisão de deixar o país.

“Tive muitas alegrias com a capoeira, mas também tive muitas decepções. Como eu já tinha ido para Londres, em 1990, eu queria sair do Brasil de novo. E com essas decepções, não tinha mais nada que me prendia aí. Quem faz um bom trabalho, e é exigente, muitas vezes não tem uma quantidade ideal de alunos para se manter. O que me desmotivou bastante foram aquelas pessoas que davam a graduação só para se manter. Então, apareceu a oportunidade e eu saí”, afirmou.

Em Carmo da Mata, ele ficou desapontado com o poder público. “Faltou um pouco de apoio da prefeitura. Aquele cinema era muito sujinho. Cheguei a dar aulas na casa da Mirinha também”, relembra o professor, que precisava de um espaço físico grande para ministrar suas aulas.

Apelidos

Uma das características da capoeira é apelidar os alunos com nomes diversos. E como muitos são dados quando criança, o codinome acaba sendo incorporado para o resto da vida. Para testar a memória de Mestre Calango, o Blog DiCarmo perguntou de quais apelidos ele se lembrava.

Em Carmo da Mata, ele recordou os apelidos Canguru, Blue, Abelha, Bunitinha, Pardal, Namorada, Foguinho e Gaiola. Em Oliveira, Alegria, Cravo, Vilão, Peteca, Caixinha, Soldado, Magia e Brinquedo. “Você quer mais, são tantos?”, ele perguntou, terminando por aí mesmo a lista. Ele fez questão de citar também a turma da “Capoeira não tem Idade”, formado por alunos que ele preferiu classificar como “pessoas mais experientes”.
Nos Estado Unidos, o costume de apelidar os alunos foi mantido. E em português, explicando o significado da palavra. Alguns exemplos: Farofa, Bacalhau, Abacaxi, Boneca, Tijolo, Pitu, Bicicleta, Jangada e Moleque.

Pessoal

Mestre Calango é paulista de São Bernardo do Campo, cidade que, desde a década de 1950, tem sua economia baseada na indústria automobilística. Ele trabalhava na Scania, empresa fabricante de caminhões e ônibus. Após uma crise, Calango foi demitido e acabou indo junto com o pai para Oliveira.

Por muitos anos, pai e filho tiveram uma fábrica artesanal de produtos de limpeza. O pai de Mestre Calango, Henrique Galvez Sanches, mora em Oliveira e acabou de completar 68 anos. A mãe mora em Sumaré, no interior paulista. Quem também mora em São Paulo são as duas filhas e a ex-esposa.

O então aspirante à capoeirista aprendeu a técnica e os golpes do esporte com o Mestre Ousado, que hoje vive em Cingapura, no sudoeste asiático. Ele lembra exatamente quando começou a praticar capoeira: 12 de abril de 1980, em São Bernardo do Campo. “Eu precisava fazer um esporte. Fui olhar outras lutas, mas a capoeira me chamou mais a atenção”, lembra.

2 comentários:

Urlan disse...

Parabéns ao mestre calango que está fazendo sucesso nos Estates =)

Anônimo disse...

Fico feliz que vc não esqueceu de Oliveira em seu blog está muito bom. Respeito muito vc como mestre e como pessoa pesso desculpa por não ter te escultado quando vc quiz me abrir os olhos para que eu não fosse para o exercito, e eu te dei as costa se arrependimento matasse eu estaria morto demorei acorda mais nunca é tarde um abraço do seu aluno morcego por que qerendo ou não vou ser sempre seu aluno por que vc deu inicio a minha aprendizagem espero seu perdão um abraço