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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Uma Carmo da Mata na periferia de BH

Uma Carmo da Mata sem um único carmense. Mas uma Carmo da Mata com ladeira, um bom dedo de prosa no boteco, uma limpeza de rua com jato d’água e um povo hospitaleiro, simpático e com muitas histórias para contar. Em meio às milhares de ruas de Belo Horizonte, uma delas, com 700 metros de asfalto irregular e casas de muros altos, nos chama a atenção. Mesmo sem saber que a Rua Carmo da Mata, no Bairro Saudade, Região Leste da capital mineira, foi batizada em homenagem a nossa cidade, moradores locais mantém características que lembram costumes carmenses.

É o caso do pintor Paulo Silva de Carvalho (foto), 51 anos, nascido e criado na região. Todo final de tarde, ele e os amigos se encontram no único bar da rua. É hora de colocar a conversa em dia. “A pinga não deve ser a mesma da sua terra, mas é boa também!”, ele diz, virando meio-copo da cachaça em um só gole.

Maria do Perpétuo do Socorro Silva, filha do dono do bar, garante a qualidade do estabelecimento. “Meu pai toma conta daqui tem uns 35 anos. O bar já existia e é referência do bairro. Aqui o tradicional é a cerveja gelada e o torresmo. Mas tem também dobradinha, pinga. Eu vendo de tudo”, conta.

O local também é ponto predileto dos moradores nas discussões sobre futebol. Tal como na cidade de Carmo da Mata, a rivalidade Atlético e Cruzeiro é grande. A paixão dos moradores da rua pelo esporte também é mostrada nas pinturas desgastadas em postes e trechos do asfalto: são marcas em verde-amarelo. Foi o que restou de lembrança da última Copa do Mundo, no ano passado.

A semelhança entre a rua de Belo Horizonte e a cidade carmense passa pelos traços geológicos. A rua nasce no alto de um morro, bem de frente a um dos muros que delimita o Cemitério da Saudade. Nos primeiros metros, a via tem um grande declive, formando uma espécie de tobogã. Depois, a descida fica menos acentuada. Em alguns lugares, foi necessária a colocação de quebra-molas para evitar o excesso de velocidade dos veículos.

A rua é estreita, bem arborizada e um piso de asfalto com alguns remendos. Cortada por outras quatro ruas, a Carmo da Mata vai se findar na Avenida Belém, próximo a uma favela conhecida pelos moradores como Mata do Inferno. A região é de fácil localização para o carteiro Elison Alves Botelho. “Excelente, e o pessoal é tranqüilo também”, ele diz, confirmando que não teve qualquer problema cachorros importunos. “As casas tem tudo caixa-de-correio”, ressalta.

Numa rápida caminhada, é possível perceber outros hábitos comuns à cidade do interior. Crianças brincam livres pela rua, pedestre caminham fora da calçada, vizinhos batem papo, moradores andam sem camisa e uma dona-de-casa varre a porta de sua residência com um jato d’água (foto), uma atitude, diga-se, ecologicamente incorreta. Além do bar, o único comércio da Rua Carmo da Mata é uma vídeo-locadora.

Uma das características do Bairro Saudade, segundo os próprios moradores, é o conservadorismo, por causa de famílias que ali se instalaram há décadas. Quase todas as casas têm um muro alto à frente, para dar maior proteção. Tal como na cidade de Carmo da Mata, na rua, todos se conhecem. E como um bom carmense, a vizinhança da rua também é desconfiada. Quando a reportagem fazia fotos do local próximo a uma casa em construção, os operários queriam saber do que se tratava, receosos com uma possível fiscalização.

Onde?

Os moradores entrevistados pelo Blog DiCarmo não sabiam que existia uma cidade chamada Carmo da Mata. “Onde fica?”, eles perguntaram. A dona-de-casa Darcy de Oliveira disse que já foi várias vezes em Oliveira, mas nunca tinha ouvido falar na cidade carmense. Matada a curiosidade, cada morador procurou descrever como é cotidiano na rua.

Darcy, 74 anos, que se mudou para a rua aos sete anos de idade, procura conviver bem com a vizinhança. “Não tem muito problema, não tem assalto”, comenta. O pintor José Geraldo da Silva, 43 anos, é nascido na região, assim como o irmão Paulo. Ele ficou surpreso ao ser informado que existia uma Carmo da Mata bem maior que aquela onde ele morava. Ele não tem nada do que reclamar dos vizinhos. “É um povo bacana, são pessoas que não querem confusão”, ele comenta.

A proximidade com o cemitério é uma peculiaridade que faz José Geraldo se recordar da infância. “Antigamente, eu ficava com medo. O cemitério era cercado por grade, não por muros. Quando chovia, era aquela enchente de crânio, fêmur, ossos. Eu ia para a rua com medo”, conta.

O único ponto em comum entre a rua do Bairro Saudade e a cidade do interior de Minas está bem debaixo dos pés do moradores de BH. É um tampão de ferro no centro da rua, logo na primeira esquina. O objeto tem os dizeres: F. Carmense. É um tampão fabricado pela Fundição Carmense, a precursora do ramo na cidade. Sua presença ali não deixa de ser um símbolo de que Carmo da Mata, afinal, transpôs as fronteiras e se fez presente na capital mineira. (Fotos Thiago Nogueira)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tardes de truco fazem parte da vida de aposentados carmenses

As tardes na Praça Presidente Vargas não seriam as mesmas sem a turma de aposentados que diariamente se divertem jogando truco nas quatro mesas de concreto instaladas em meio às árvores do local. Sem realizar apostas em dinheiro, a rotina dos cerca de 20 homens – oito duplas jogando, fora os ficam apenas observando, aguardando a vez de cartear – se repete há mais de dez anos.

O aposentado Francisco Batista da Silva, o Chico Ganga, de 70 anos, diz que sente falta quando não pode ir à praça para jogar com os amigos. Ele também não fica satisfeito só de jogar. Para conseguir vencer as partidas, é preciso ter destreza e agilidade. “O principal é o sinal (combinação de gestos entre os parceiros que facilita as jogadas). Tem que ter sorte também, e tem dia que a carta não vem”, explica o aposentado.

Quem explica o ambiente do jogo na praça é o aposentado Narciso Canuto, de 78 anos. Ele já chegou a viajar e disputar torneios profissionalmente. “Tem que ter muita experiência e sabedoria. No truco você vai apanhando as manhas aos poucos. Quanto mais joga, mas experiência adquire”, afirma.

O jogo é pura diversão, garantem os aposentados. Um deles conta que foram alertados pela polícia da cidade para não apostarem dinheiro. A intenção de transformar a praça num palco de jogatina nem passou pela cabeça deles. “É só uma brincadeira mesmo”, todos dizem.

Os baralhos e a toalha de mesa são providenciados por eles mesmos. Os aposentados começam a chegar por volta de duas da tarde e vão formando as duplas. Quem chega depois fica de fora, num movimento que eles gostam de chamar de “senta e levanta”.

As mesas estão instaladas num canto da praça onde as árvores não são suficientes para sombrear todo o local. Em dias de sol forte, eles improvisam novas bancadas bem debaixo da copa das árvores, num ponto em frente à rodoviária.

O truco praticado na praça não é privilégio só de aposentados. Crianças e jovem também arriscam enfrentar os mais experientes. Taxistas e outros amantes do jogo também costumam dar uma passadinha por lá no final da tarde, logo depois do expediente
. (Matéria publicada no jornal Tribuna do Carmo em 1º de agosto de 2007. Foto: Thiago Nogueira)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Mestre Calango: de Minas para Massachusetts

Há quase cinco anos morando nos Estados Unidos, Luis Carlos Galvez, o Mestre Calango, 43 anos, importou para a América a mesma filosofia de ensino da capoeira que aprendeu no Brasil. Em busca do sonho americano, ele deixou a terra natal e as aulas de capoeira em Oliveira e Carmo da Mata para alcançar novos objetivos pessoais e profissionais. O capoeirista concedeu entrevista ao Blog DiCarmo (e também aos jornais Tribuna do Carmo, de Carmo da Mata, e O Regional, de Oliveira) pelo MSN (Microsoft Service Network), um programa de bate-papo via internet.

(Fotos de arquivo pessoal)

O professor de capoeira está morando em Lowell, na costa leste dos Estados Unidos. A cidade, de 105 mil habitantes, é a quarta maior do estado de Massachussetts. Durante o dia, ele trabalha em uma companhia de limpeza. À noite, dá aulas de capoeira em academias, se revezando, durante a semana, entre quatro diferentes cidades da região: Lowell, Newton, Brookline, em Massachussetts, e Nashua, no estado de New Hampshire.

O capoeirista foi para os Estado Unidos em setembro de 2002, levado por uma ex-namorada que já vivia lá. Mestre Calango não tem registro legal para permanecer no país, mas aguarda, com esperança, uma mudança nas leis de imigração americana. Ele preferiu não dar detalhes de sua entrada nos Estados Unidos. No estado de Massachussetts, estima-se que vivam cerca de 15 mil brasileiros.

Mestre Calango divide a casa onde mora com mais dois amigos brasileiros, missionários da Igreja Católica. Há nove meses, ele namora Danise Borges, uma paulista de Franca, interior de São Paulo. E as proximidades com o Brasil também se mantém nos hábitos alimentares. O arroz com feijão é comida certa em substituição à “junk food”, alimento com pouco valor nutricional, típico dos americanos. Isso sem contar naquele cafezinho diário, que não pode faltar.

A pescaria é outro costume herdado dos tempos de Brasil. “Eu adoro. Eu ia todo final de semana pescar em Carmo da Mata. E aqui no verão também tem muito lugar para pescar”, conta Mestre Calango, exibindo, no MSN, a foto de uma carpa de 20 quilos que fisgou.

Mesmo morando em Lowell, Mestre Calango não poderia estar tão em casa. Ele apontou várias coincidências entre a cidade americana e Oliveira. Lowell é um município fabril, com muitas fábricas de tecido. A cidade também é cortada por um rio, o Merrmack, do mesmo jeito que o rio Maracanã, em Oliveira. A cidade mineira tem o mais velho jornal em circulação de Minas e a cidade americana também: o Lowell Sun, periódico mais antigo de Massachussets. As coincidências seguem por uma estação de trem desativada, tal como Oliveira, e ainda, um vice-gerente de banco conhecido lá como Frank, que diz ser parente de Carlos Chagas, ilustre oliveirense.

Aulas americanas

O professor de capoeira tem hoje cerca de 40 alunos, das mais diferentes nacionalidades. A filosofia de ensino do esporte, ele fez questão de manter. A começar pelo nome da academia: Capoeira Rosa Rubra, a mesma denominação adotada em Carmo da Mata e Oliveira. A seqüência de atividades nas aulas, com exercícios individuais, prática de movimentos em dupla, aperfeiçoamento da técnica, treinamentos de acrobacia e o jogo de capoeira também são os mesmos.

Ele conta que a capoeira, um esporte que mistura luta, dança, cultura popular, música e brincadeira, tem caído no gosto dos americanos. “A capoeira é uma terapia. Hoje em dia não tem mais correntes que nos prendem. Elas são psicológicas. Os americanos, às vezes, são pessoas muito frias. Praticando a capoeira, elas se tornam alegres, descobrem seus limites, ampliam sua visão de mundo, através do movimento, da música. A capoeira é um elemento de transformação”, ressalta.

Mestre Calango não foi precursor do esporte na região. Por lá, já viviam muitos mestres de capoeira antes de sua chegada. “E tem sempre batizado (quando o aluno recebe uma graduação) pra gente ir”, comenta o professor de capoeira, que costuma fazer apresentações em praça pública para divulgar o esporte brasileiro. “Tenho um aluno que já tem 60 horas de filme para um documentário. Vamos fazer com que a capoeira se difunda muito mais”, adiantou.

Passado

No Brasil, Mestre Calango deu aulas para crianças, jovem e adultos. Em Oliveira, o capoeirista ministrou aulas de 1987 a 2002. Em Carmo da Mata ele ensinou os golpes de capoeira entre 1991 e 2001. Ele faz questão de ressaltar as amizades que vez nas duas cidades, mas não esconde algumas frustrações pessoais e profissionais, que acabaram o influenciando na decisão de deixar o país.

“Tive muitas alegrias com a capoeira, mas também tive muitas decepções. Como eu já tinha ido para Londres, em 1990, eu queria sair do Brasil de novo. E com essas decepções, não tinha mais nada que me prendia aí. Quem faz um bom trabalho, e é exigente, muitas vezes não tem uma quantidade ideal de alunos para se manter. O que me desmotivou bastante foram aquelas pessoas que davam a graduação só para se manter. Então, apareceu a oportunidade e eu saí”, afirmou.

Em Carmo da Mata, ele ficou desapontado com o poder público. “Faltou um pouco de apoio da prefeitura. Aquele cinema era muito sujinho. Cheguei a dar aulas na casa da Mirinha também”, relembra o professor, que precisava de um espaço físico grande para ministrar suas aulas.

Apelidos

Uma das características da capoeira é apelidar os alunos com nomes diversos. E como muitos são dados quando criança, o codinome acaba sendo incorporado para o resto da vida. Para testar a memória de Mestre Calango, o Blog DiCarmo perguntou de quais apelidos ele se lembrava.

Em Carmo da Mata, ele recordou os apelidos Canguru, Blue, Abelha, Bunitinha, Pardal, Namorada, Foguinho e Gaiola. Em Oliveira, Alegria, Cravo, Vilão, Peteca, Caixinha, Soldado, Magia e Brinquedo. “Você quer mais, são tantos?”, ele perguntou, terminando por aí mesmo a lista. Ele fez questão de citar também a turma da “Capoeira não tem Idade”, formado por alunos que ele preferiu classificar como “pessoas mais experientes”.
Nos Estado Unidos, o costume de apelidar os alunos foi mantido. E em português, explicando o significado da palavra. Alguns exemplos: Farofa, Bacalhau, Abacaxi, Boneca, Tijolo, Pitu, Bicicleta, Jangada e Moleque.

Pessoal

Mestre Calango é paulista de São Bernardo do Campo, cidade que, desde a década de 1950, tem sua economia baseada na indústria automobilística. Ele trabalhava na Scania, empresa fabricante de caminhões e ônibus. Após uma crise, Calango foi demitido e acabou indo junto com o pai para Oliveira.

Por muitos anos, pai e filho tiveram uma fábrica artesanal de produtos de limpeza. O pai de Mestre Calango, Henrique Galvez Sanches, mora em Oliveira e acabou de completar 68 anos. A mãe mora em Sumaré, no interior paulista. Quem também mora em São Paulo são as duas filhas e a ex-esposa.

O então aspirante à capoeirista aprendeu a técnica e os golpes do esporte com o Mestre Ousado, que hoje vive em Cingapura, no sudoeste asiático. Ele lembra exatamente quando começou a praticar capoeira: 12 de abril de 1980, em São Bernardo do Campo. “Eu precisava fazer um esporte. Fui olhar outras lutas, mas a capoeira me chamou mais a atenção”, lembra.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Padre acusado de abusar sexualmente de crianças fala pela primeira vez à justiça

Matéria publicada no portal Megaminas.com em 07/08/2007, às 19h33.

MGTV/Megaminas.com

Hoje foi a primeira vez que o padre acusado de abusar sexualmente de crianças em Carmo da Mata falou à justiça. O interrogatório começou com meia hora de atraso e durou cerca de duas horas. Do lado de fora do Fórum, moradores da cidade acompanharam atentos. Alguns ficaram na igreja rezando pela liberdade de Padre Cleber. Na saída, o padre foi aclamado pelos fiéis.

A partir de agora a defesa tem três dias para reunir testemunhas para provar a inocência do acusado. Os depoimentos recomeçam no dia 06 de novembro. Se for condenado o padre pode pegar até 12 anos de prisão.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Guerra política: Milton e Lafaiete se enfrentam pelo rádio

Prefeito e vice, eleitos com 27,86% dos votos válidos, se desentenderam logo no início mandato e agora, a pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, trocam, publicamente, acusações graves

A prisão de padre Cléber Domingos Gonçalves mexeu com os nervos carmenses, e mais um embate político está em pauta em Carmo da Mata. Em meio a comentários irônicos, o vice-prefeito Lafaiete Ribeiro de Rezende disparou contra o prefeito Milton Neto acusações graves e polêmicas. Ele discursou na rádio comunitária Radical FM, na sexta-feira, dia 13 de julho, dias antes da festa de Nossa Senhora do Carmo, comemorada no dia 16. As palavras de Lafaiete criaram alvoroço na cidade. Ele ganhou direito de resposta na rádio depois que o prefeito Milton Neto o chamou de oportunista no caso que envolve a prisão de padre Cléber. O pronunciamento do prefeito aconteceu três semanas antes, no programa de rádio semanal da prefeitura.

Desentendimentos políticos fizeram Lafaiete deixar o governo logo depois de tomar posse, no início de 2005. E só agora ele volta a utilizar-se dos microfones para falar em público. Milton Neto estava em Brasília, no dia do pronunciamento, e só ouviu a gravação dias depois.

Logo que soube da prisão do padre, o vice-prefeito tomou providências para a contratação de um advogado que defendesse o sacerdote. Daí por diante, um cenário, não oficialmente declarado, colocou Lafaiete e padre Cléber – apontado pela população como um bom administrador – de um lado e o prefeito Milton Neto do outro, acirrando, de vez, um quadro bipolar que deve ser formado para as eleições de 2008.

Após o pronunciamento do vice-prefeito, o Blog DiCarmo procurou insistentemente o prefeito Milton Neto para dar a ele o direito de se defender das acusações de Lafaiete. Durante esse tempo, o blog negociou a gravação de uma entrevista, através de seus assessores, mas não obteve sucesso. O Blog DiCarmo fez também o pedido de uma nota oficial do prefeito sobre o caso, mas até a publicação deste, o prefeito e seus assessores não haviam respondido.

Só no programa semanal da prefeitura, na rádio Radical FM, uma semana depois, sexta-feira, dia 20, em sua única manifestação pública depois do fato, o prefeito falou sobre o caso. Ele não entrou muito na polêmica e preferiu apresentar um relatório com obras prontas e em andamento. Nas duas semanas seguintes, dia 27, e nesta sexta-feira, dia 3 de agosto, o prefeito não compareceu à rádio para participar do programa.

Faltando pouco menos de um ano para o início da campanha eleitoral, o Blog DiCarmo antecipa o debate político, dando chance para que não ouviu o pronunciamento de Lafaiete, também refletir sobre ele. Abaixo, você acompanha as declarações e os principais assuntos abordados pelo vice-prefeito no dia 13. Acompanhe também o comentário do prefeito Milton Neto, feito no programa de rádio do dia 20, sobre algumas das acusações de Lafaiete.

Caso Padre Cléber

O vice-prefeito Lafaiete, definitivamente, não concorda com o termo “oportunismo”, empregado pelo prefeito Milton Neto. Lafaiete se defendeu dizendo que Padre Cléber era um amigo da família e que faria isso por qualquer um que precisasse da ajuda. Ele diz ter tomado providências, primeiro, contratando um advogado, e, depois, indo à cadeia de Carmo do Cajuru, onde o padre foi levado, para que o sacerdote recebesse um tratamento digno.

“Ele se sentia tão bem no anseio de nossa família. (...) Estávamos tendo-o como sendo de dentro de nossa casa e, por que não dizer quase a ocupar o lugar de um filho.” (Lafaiete)

“Senhor prefeito, não posso chamar isso de oportunismo, e nem o senhor pode me taxar de tal forma. E sim, de oportunidade, oportunidade de fazer o bem sem olhar a quem.” (Lafaiete)

Eleições 2004

Lafaiete garantiu que Milton Neto não venceria as eleições para prefeito se a chapa não fosse formada pelos dois. O vice-prefeito contra-atacou as acusações de oportunismo e mostrou claro arrependimento com a aliança formada em 2004, duvidando, hoje, da dignidade do antigo companheiro.

“(...) oportunidade que tive de lhe ajudar, senhor prefeito, e a usei quando emprestei meu nome para que galgasse ao posto de prefeito desta cidade. Fato que não aconteceria caso meu nome não fosse empenhado a seu favor, na condição de vice-prefeito contigo, como bem sabe, senhor prefeito.” (Lafaiete)

“Eu que era cotado para esse cargo. Todavia, não mais interessado em práticas políticas naquela época, mas em ajudar a comunidade, empenhei meu nome na condição de vice, fazendo alocar seu nome na chapa na condição de prefeito, pensando estar, dessa forma, ajudando a comunidade, já que, enganadamente, julgava tratar-se de pessoa digna. Era o que a principio pensava. Engano meu, pois perdi a oportunidade de não deixar, aí sim, um verdadeiro oportunista entrar no poder.” (Lafaiete)

“Oportunista, senhor prefeito, é você mesmo, que se aproveitou de meu dinheiro e de meu prestigio junto aos meus eleitores, para se eleger prefeito de Carmo da Mata. Sem a minha ajuda, você não seria o prefeito desta terra.” (Lafaiete)

Não prestação de contas de campanha

Lafaiete fez graves acusações, afirmando ter doado R$ 80 mil reais para a campanha à prefeito que não constaram na prestação à Justiça Eleitoral. O vice-prefeito diz que tem cópia dos cheques e recibos, e que a doação consta em sua declaração de Imposto de Renda.

“Te ajudei com um bom dinheiro na campanha, sem querer ou pedir nada em troca. Dinheiro, diga-se, que vossa excelência não declarou à Justiça Eleitoral em sua prestação de contas. E olha que foram quase R$ 80 mil. Vale lembrar que o inquérito quanto a esses desvios de dinheiro de campanha já foi findado pela Polícia Federal, da qual o senhor foi convidado a comparecer lá por três ou quatro vezes e foi remetido à Promotoria Especializada de Crimes Praticados por Prefeitos, na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. O dinheiro que lhe entreguei foram devidamente registrados em recibos.” (Lafaiete)

Acusações veladas de alcoolismo

Utilizando-se de ironias, Lafaiete alfinetou o prefeito, insinuando o possível uso exagerado de bebidas alcoólicas por parte do prefeito e de outras práticas imorais.

“Jamais passei noites embriagado e na orgia, não tenho vício do jogo de cartas, não sou alcoólatra. As minhas horas de lazer eu as tenho lendo um bom livro, ouvindo uma boa música ou então apreciando a natureza. Não faço uso de bebidas alcoólicas para permanecer desinibido perante o povo da minha terra.” (Lafaiete)

Escolaridade

Lafaiete foi debochado ao comparar seu nível de instrução com o do prefeito e nem um pouco humilde para falar de si mesmo.

“A minha profissão é a medicina. (...) Que inveja hein, senhor prefeito. Está aí a diferença entre nós. É muito grande, é muito grande mesmo (risos).” (Lafaiete)

“Quem nunca ouvi falar no doutor Lafaiete. O meu conhecimento vai além da fronteiras brasileiras.” (Lafaiete)


Antes mesmo de abrir seu discurso, Lafaiete fez questão de ler seu currículo, onde constam diversos cursos de medicina no exterior. Lafaiete ridicularizou Milton Neto que teria dito “parôco” e não pároco, como é o certo, no programa de rádio que gerou toda a polêmica. Só que Lafaiete provou do próprio veneno ao pronunciar, durante o discurso, a palavra “beneficiente”, ao invés de beneficente, a grafia correta.

Lafaiete usou-se de outra declaração do prefeito para criticá-lo. No programa de rádio, Milton disse que o posto de saúde recém-inaugurado era um mini-hospital. O vice-prefeito, novamente, menosprezou a capacidade intelectual do agora adversário político.

Esse foi um dos temas que Milton Neto resolveu responder em seu programa, na semana seguinte. Para o prefeito, seu trabalho diário vale mais que qualquer diploma.

“O meu currículo, o currículo da minha família, o diploma da minha família é a política, o trabalho, a honestidade. Eu não preciso e nem quero ter cursos, ter diplomas no exterior. Meu avô nunca teve, meu pai nunca teve e eu também não quero ter. O que eu quero tentar é continuar o trabalho da minha família.” (Milton Neto)

Saúde

O grande ponto de discórdia entre Milton e Lafaiete está na área de saúde, um dos principais motivos para o fim da parceria entre os dois. Milton sempre disse em campanha que seu secretário de saúde seria o médico Lafaiete. Mas logo que tomou posse, o prefeito nomeou o servidor público Alberto Nunes de Mendonça, o Tinho.

Em seu pronunciamento, Lafaiete quis mostrar a ingratidão por parte do prefeito e ainda fez acusações graves de cerceamento de informações públicas na área de saúde. O vice-prefeito solicitou dados sobre o sistema de saúde do município, mas a prefeitura não lhe repassou.

Salários

Pelo fato de estar fora do governo, Lafaiete foi acusado pelo opositor de receber o salário de vice-prefeito sem nada fazer. Diante da situação, Lafaiete fez uma proposta pública ao prefeito de ambos irem a um cartório da cidade para lavrar um termo e doarem, mensalmente, os salários de prefeito e vice para entidades carentes de Carmo da Mata.

Obras e festas

No discurso, Lafaiete também criticou uma das obras recentemente inauguradas pela prefeitura, ressaltado que a festa de inauguração teve valor maior que a próprio trecho de calçamento de rua em questão. Neste caso, no programa de rádio, Milton rebateu, apresentado números do empreendimento, que calçou cinco ruas no bairro Alto dos Pinheiros e outras duas ruas em outros pontos da cidade.

“Lembro-me que, recentemente, fez um grande alarde na cidade, para a inauguração de 200 metros de calçamento de pedras. Comenta-se na cidade que o preço da festa poderia ser maior que os gastos das obras. É isso que eu chamo de oportunismo e falta de religiosidade, valendo-se de politicagens baratas para elevar seu nome na cidade, como se os cidadãos dessa cidade não percebesse suas manobras eleitoreiras.” (Lafaiete)

“O valor dessa obra foi de R$ 128 mil, verba do deputado federal Jaime Martins, que esteve na inauguração. Eu quero deixar claro que não foram 200 metros. A obra foi no total de 5.480 metros de pavimentos. (...). E para quem quiser ir lá, medir, pode ir lá. As ruas estão todas calçadas. É uma obra que eu fiz questão de fazer uma grande inauguração como eu fiz no asfalto da Cohab Nova, como eu fiz no posto de saúde no bairro da Várzea. (...) Toda obra minha desse porte será inaugurada sim, com grandes eventos, com shows sim, com fogos sim, porque a população desses bairros fica satisfeita. São obras esperadas há muitos anos.” (Milton Neto)

No programa de rádio, onde são prestadas contas da administração pública, Milton Neto relatou o andamento de obras e a licitação de novos empreendimentos. São eles: um salão comunitário de 205 metros quadrados no povoado do Quilombo, orçado em R$ 60 mil, reforma e cobertura da quadra da Escola Municipal Nephtaly Gonzaga de Mello, no bairro da Várzea, no valor de R$ 118 mil, pavimentação asfáltica no bairro Colorado, que custará R$ 154 mil e a seqüência das obras de construção do parque de exposições.

“Quem não gosta de obra, quem não gosta de festa, quem não gosta de fogos, já prepare, possivelmente, para nem estar na cidade. A inauguração do parque de exposições será um evento fantástico (...) Vamos inaugurar o parque de exposições ainda no meu mandato.” (Milton Neto)

O prefeito anunciou outras duas obras significativas para a cidade. A reforma da Praça Presidente Vargas, que ganhará um coreto com banheiros embaixo, fonte luminosa, jardinagem, postes e bancos novos, estacionamento 45 graus e uma praça de alimentação no lugar dos trailers de sanduíche. A obra será licitada no valor de R$ 170 mil. A outra verba garantida pelo prefeito é de R$ 500 mil, empenhada pelo deputado federal Jaime Martins para asfaltar a cidade. O prefeito disse que, a princípio, não seria para asfaltar o centro da cidade, mas apenas bairros.

“A nossa agenda de inauguração deste ano é de inaugurar uma obra por mês.” (Milton Neto)

“Espero estar cumprindo, espero estar dando o retorno à população. Espero que a população esteja satisfeita. Dentro do possível eu estou lutando muito por Carmo da Mata. (...). Estou fazendo o meu máximo.” (Milton Neto)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Padre suspeito de pedofilia ganha liberdade provisória

Matéria publicada no portal UAI - 01/08/2007

Eduardo Melgaço - Estado de Minas

A Justiça de Carmo da Mata, a 180 quilômetros de Belo Horizonte, revogou a prisão preventiva do padre Cléber Domingos Gonçalves, de 35 anos, preso por suspeita de pedofilia.

O ex-pároco da pequena cidade do Centro-Oeste mineiro estava internado na Santa Casa de Oliveira, também na região, depois de passar por uma cirurgia para retirada de uma pedra na vesícula, mês passado. Os problemas de saúde impediram que o padre comparecesse ao 1º depoimento marcado para o dia 24 de julho. Novo depoimento está agendado para a próxima terça-feira.

O pedido de liberdade provisória do pároco foi aceito terça-feira pelo juiz da comarca de Carmo da Mata, Mauro Riuji Yamane, responsável pelo caso. Segundo o juiz, o pedido foi deferido porque o padre não apresenta boas condições de saúde. Mauro Riuji disse ainda que outro motivo para a liberdade preventiva de Cléber Gonçalves é que ele não está mais a frente da paróquia de Carmo da Mata. “Esta decisão não irá atrapalhar o processo em andamento. O depoimento que foi remarcado para o próximo dia 7 vai acontecer”, afirmou.

O Juiz contou também que sua decisão foi questionada pela promotoria da comarca de Oliveira. Um pedido da revogação da liberdade preventiva do sacerdote será analisada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Por enquanto, com a liberdade provisória assegurada, o padre Cléber ficará na casa de amigos em Oliveira. O local não foi revelado por seus advogados. O pároco aguarda em prisão domiciliar o depoimento marcado para a próxima semana, em Carmo da Mata.

Cléber Gonçalves foi preso no dia 28 de maio, em um apartamento na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, na companhia de um garoto de 13 anos. Existe ainda a suspeita de que ele teria abusado sexualmente de uma menina de 14 anos.

De Belo Horizonte Cléber foi transferido para a cadeia de Carmo do Cajuru, também no Centro-Oeste. Dia 18 de junho ele precisou ser levado a Carmo da Mata porque o delegado de Carmo do Cajuru alegou que a cadeia da cidade não apresentava condições de manter o padre sob custódia. Já em Carmo da Mata, os moradores fizeram manifestações a favor do sacerdote. Alguns organizaram vigílias e levavam comida ao padre na prisão.

A Polícia Civil iniciou as investigações contra o sacerdote quando recebeu uma denúncia anônima de que ele se hospedava com freqüência em hotéis fazenda da região Centro-Oeste, com adolescentes. Em uma das fichas reveladas pela polícia, Cléber se passava por professor.