O aposentado Francisco Batista da Silva, o Chico Ganga, de 70 anos, diz que sente falta quando não pode ir à praça para jogar com os amigos. Ele também não fica satisfeito só de jogar. Para conseguir vencer as partidas, é preciso ter destreza e agilidade. “O principal é o sinal (combinação de gestos entre os parceiros que facilita as jogadas). Tem que ter sorte também, e tem dia que a carta não vem”, explica o aposentado.
Quem explica o ambiente do jogo na praça é o aposentado Narciso Canuto, de 78 anos. Ele já chegou a viajar e disputar torneios profissionalmente. “Tem que ter muita experiência e sabedoria. No truco você vai apanhando as manhas aos poucos. Quanto mais joga, mas experiência adquire”, afirma.
O jogo é pura diversão, garantem os aposentados. Um deles conta que foram alertados pela polícia da cidade para não apostarem dinheiro. A intenção de transformar a praça num palco de jogatina nem passou pela cabeça deles. “É só uma brincadeira mesmo”, todos dizem.
Os baralhos e a toalha de mesa são providenciados por eles mesmos. Os aposentados começam a chegar por volta de duas da tarde e vão formando as duplas. Quem chega depois fica de fora, num movimento que eles gostam de chamar de “senta e levanta”.
As mesas estão instaladas num canto da praça onde as árvores não são suficientes para sombrear todo o local. Em dias de sol forte, eles improvisam novas bancadas bem debaixo da copa das árvores, num ponto em frente à rodoviária.
O truco praticado na praça não é privilégio só de aposentados. Crianças e jovem também arriscam enfrentar os mais experientes. Taxistas e outros amantes do jogo também costumam dar uma passadinha por lá no final da tarde, logo depois do expediente. (Matéria publicada no jornal Tribuna do Carmo em 1º de agosto de 2007. Foto: Thiago Nogueira)
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